"Deixa
as investigações continuarem", afirmou o presidente ao ser questionado
As denúncias envolvendo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro
Antônio, iniciaram uma queda de braço no governo. De um lado, o presidente Jair
Bolsonaro, que resiste a afastá-lo, e, de outro, auxiliares diretos, incluindo
os militares, que desde a época da transição não defendiam o nome de Álvaro
Antônio para o cargo. O pente-fino dos militares identificou que o ministro
poderia dar dor de cabeça para o presidente antes mesmo de ele ser nomeado, mas
a escolha atendeu a apelo do PSL, sigla do presidente.
A Polícia Federal
e o Ministério Público investigam a suspeita de uso de candidaturas laranjas em
Minas Gerais. Em depoimento,
pelo menos uma delas relatou que recebeu do então candidato a deputado federal
um pedido para que devolvesse parte dos valores recebidos do fundo eleitoral.
Outras quatro mulheres também procuraram os investigadores pedindo para prestar
depoimento nesse mesmo sentido.
Interlocutores
diretos do presidente se preocupam com um desgaste prolongado com o surgimento
de mais denúncias contra o ministro.
Ao
ser questionado ontem por jornalistas sobre se o caso não estaria gerando
constrangimentos ao governo, Bolsonaro respondeu: "Deixa as investigações
continuarem". Em seguida, o presidente encerrou a rápida coletiva de
imprensa, concedida após cerimônia na qual seis embaixadores entregaram as
credenciais ao Planalto.
No fim da tarde, o porta-voz do governo, Otávio do Rêgo
Barros, também ao ser questionado pela imprensa, repetiu o chefe. "Ficou
claro que o presidente aguarda o desenrolar dos fatos na Justiça", disse.
O porta-voz informou ainda que Bolsonaro e Álvaro Antonio não conversaram ontem
sobre o assunto. "Hoje (ontem) pela manhã comentamos (o episódio) e ele
não tinha contato estabelecido face to face."
A entrada de
Álvaro Antônio no governo foi considerada uma cartada do PSL, que colocou seu
nome "goela abaixo" do presidente e dos militares. Na ocasião, o
empresário Gilson Machado estava cotado para assumir a pasta, por ser, segundo
auxiliares do Planalto, um nome técnico que ajudaria o setor, principalmente no
Nordeste. Seu nome era dado como certo, mas Bolsonaro acabou escolhendo Álvaro.
Na época, o escolhido disse que sua nomeação não contemplava nenhum partido ou
Estado, mas que havia sido indicado pela Frente Parlamentar em Defesa do
Turismo, da qual faz parte.
Investigação
A
suspeita de uso de candidaturas laranjas pelo PSL, em que Álvaro Antonio
aparece como figura central, é alvo de investigações da Polícia Federal e do
Ministério Público, que estão na fase de coleta de depoimentos.
O
vice-presidente da República, Hamilton Mourão, já afirmou que, caso fique
comprovado que o ministro cometeu irregularidades, ele será demitido.
O titular do
Turismo nega as acusações. Ele afirma que as candidatas "mentem"
quando dizem que ele ou sua assessoria propuseram durante a campanha que elas
devolvessem dinheiro do fundo eleitoral.
A
lei eleitoral obriga os partidos a destinarem um porcentual dos recursos para
as candidatas. O objetivo é aumentar a participação delas na política. Por
decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2018 os partidos deveriam
repassar pelo menos 30% dos recursos para as candidaturas femininas. As
apurações da Polícia Federal estão concentradas em Pernambuco e em Minas
Gerais, onde a Justiça Eleitoral autorizou as investigações. As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte:
Notícias ao Minuto
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