quarta-feira, 27 de março de 2019

Operador do PSDB usou Tacla Duran para pagar mansão no Guarujá, diz Procuradoria


Esq.: Agência Senado
A força-tarefa da Operação Lava Jato apontou a negociação de uma casa no Guarujá (SP) feito pelo ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, apontado como operador do PSDB. Os pagamentos teriam envolvido outro denunciado, o advogado Rodrigo Tacla Duran; ao fisco, o operador tucano afirmou ter pago R$ 1 milhão pelo imóvel, mas o valor está subfaturado, de acordo com a força-tarefa
247 - A força-tarefa da Operação Lava Jato apontou a negociação de uma casa no Guarujá, litoral sul de São Paulo, feito pelo ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, apontado como operador do PSDB. Os pagamentos teriam envolvido outro denunciado, o advogado Rodrigo Tacla Duran, considerado pelas autoridades foragido na Espanha. Os agentes policiais destacaram as tratativas ex-dirigente ao denunciá-lo por lavagem de R$ 100 milhões, cifra, que segundo as investigações, foi disponibilizada a operadores da Odebrecht nos anos de 2010 e 2011 para eles pagarem propinas a agentes públicos, apontou a força-tarefa. Tacla Duran ficou conhecido após ter trabalhado para a Odebrecht e ter denunciado que o advogado Carlos Zucolotto, amigo do ex-juiz Sérgio Moro pediu propina para mediar acordo de delação premiada na Lava Jato (leia mais). 
A casa em Guarujá foi comprada em 2012. Ao fisco, o operador tucano afirmou ter pago R$ 1 milhão, mas o valor está subfaturada, de acordo com a força-tarefa. Os investigadores anexaram aos autos um anúncio feito pelo ex-proprietário em que ele pediria R$ 3,5 milhões, um ano antes. De acordo com o Ministério Público Federal, Vieira de Souza, contou com a ajuda de Tacla Duran para pagar outros R$ 1,6 milhão por fora, aos então proprietários Patrick Jean Divorne e Jairinete Santos Costa Divorne – não denunciados. Os relatos foram publicados no Blog do Fausto Macedo
A força-tarefa disse Vieira de Souza pagou o imóvel com uma transferência bancária de R$ 400 mil e outros R$ 600 mil oriundos de um empréstimo. "No tocante aos "empréstimos indiretos" referidos por Paulo Vieira de Souza como a fonte do pagamento dos R$ 400 mil a título de benfeitorias no imóvel, consistem em empréstimos tomados da filha Priscila Arana de Souza, no valor de R$ 300 mil, e da ex-esposa Ruth Arana de Souza, no valor de R$ 100 mil, conforme declarado pelo acusado Paulo Vieira de Souza em sua declaração de ajuste anual de imposto de renda do ano calendário 2012. Foi por ele declarado ao fisco nesse documento, ainda, que os R$ 100 mil tomados de empréstimo de Ruth Arana de Souza teriam sido quitados integralmente em DEZ/12, com recursos próprios, em espécie, por ele mantidos em sua residência", narra o Ministério Público Federal.
A força-tarefa afirma que "o operador financeiro Rodrigo Tacla Duran, após receber os repasses do Grupo Odebrecht em suas contas no exterior, transferiu valores para o operador financeiro Wu-Yu Sheng, que se encarregou de, no mês de aquisição do imóvel por Paulo Vieira de Souza, efetuar no seu interesse pelo menos 8 transferências bancárias no exterior para a alienante do imóvel, que totalizaram USD 430 mil".
"Conforme exposto acima, ao menos US$ 430.000,00, o que, no câmbio corrente, equivale ao montante de R$ 1.668.400,00, provenientes de crimes praticados pelo Grupo Odebrecht, tiveram sua origem, movimentação, disposição e propriedade ocultada e dissimulada, mediante uma série de transferências realizadas no exterior por Wu-Yu Sheng e Rodrigo Tacla Duran, para contas titularizadas por JAIRINETE SANTOS COSTA DIVORNE, na China (conta nº 109041350406 no HSBC BANK COMPANY LIMITED) e na Suíça (conta nº CH78085824327080A000U no SG PRIVATE BANKING SA)", afirma a força-tarefa.
Por telefone, o ex-proprietário do imóvel no Guarujá Patrick Jean Divorne afirmou que não recebeu valor algum fora do país e que o imóvel foi pago somente com os valores apontados em sua certidão oficializada em cartório.



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