Adriano Quadros de Andrade, ex-gerente
administrativo da OAS, entrou com ação trabalhista afirmando que recebeu
tratamento "discriminatório" por não ter entrado no pacote de
diretores, cujas delações foram montadas de acordo com as diretrizes do
"andar de cima" da empreiteira; segundo ele e outras testemunhas, a
empreiteira prometeu aos executivos delatores que "ajustaram" os
depoimentos nada menos que R$ 6 milhões em "doação simulada"
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- Foi preciso uma reclamação trabalhista para comprovar
denúncia feita pela defesa do ex-presidente Lula sobre as delações premiadas de
ex-executivos da OAS. Segundo reportagem do site Conjur,
uma reclamação trabalhista apresentada por um ex-executivo da empreiteira
afirma que os executivos delatores receberam R$ 6 milhões para "ajustar os
depoimentos aos interesses" dela.
A informação é um verdadeiro escândalo, já que a delação do dono
da OAS, Léo Pinheiro, é usada pela Lava Jato para tentar justificar as duas
condenações, no caso do tríplex e do sítio de Atibaia, contra o ex-presidente
Lula.
Adriano Quadros de Andrade, ex-gerente administrativo da OAS,
entrou com ação trabalhista afirmando que recebeu tratamento
"discriminatório" por não ter entrado no pacote de diretores, cujas
delações foram montadas de acordo com as diretrizes do "andar de
cima" da empreiteira.
Por ter negociado sozinho com o Ministério Público Federal do
Paraná, ele não entrou na lista de pagamento da "doação" e foi
demitido sem receber o adicional de 40% de FGTS, nem qualquer amparo financeiro
da empresa nas ações que respondia na Justiça. Ele alega que teve de pagar
multa de R$ 150 mil, que foi reajustada para R$ 250 mil.
As afirmações do ex-executivo da OAS foram confirmadas por
outras testemunhas ligadas à empresa, que inclusive confirmam que
receberam a tal "doação simulada". Entre os depoimentos está o
do ex-diretor da OAS Mateus Coutinho de Sá, que confirmou que todos os
executivos que negociaram juntos suas delações receberam doações simuladas de
R$ 6 milhões.
Segundo Coutinho, alegando dificuldades financeiras, por conta
do pedido de recuperação judicial, a OAS não honrou o "acordo" e
ele só recebeu metade do valor prometido pela empreiteira.
O Conjur lembra que Mateus Coutinho de Sá foi condenado a 11
anos de prisão por Sergio Moro, que classificou viu "prova robusta"
da participação da OAS no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.
"Ficou nove meses preso, isolado, por não conhecer os demais envolvidos no
esquema. Nesse meio tempo, ele perdeu o nascimento de uma filha e a mulher
pediu divórcio. Dois anos depois de ser preso preventivamente, foi absolvido
pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Por falta de provas", destaca
o site.
Na ação, o tribunal concordou com parte das alegações e concedeu
os 40% do FGTS, mas negou equiparação na parte da multa pela delação. "O
fato de a testemunha ouvida ter recebido benefício em razão de sua delação
premiada não gera direito ao autor de receber igual benefício", diz a
sentença.
Apesar de não determinar o pagamento da chamada "doação
simulada" ao ex-gerente, a juíza Solange Aparecida Gallo, da 31ª Vara do
Trabalho de São Paulo diz que, pelas provas, a OAS cometeu crime. Para
ela, o próprio executivo reconheceu que o pagamento se deu porque a testemunha
beneficiou a OAS em sua delação, "o que demonstra que a mesma continua a
cometer crimes e omitir fatos à Justiça e que tal benefício também foi pago por
ato ilegal cometido, o que não pode ter o aval do Judiciário".
Para a magistrada, o executivo sabia da irregularidade dos atos
e deveria ter se recusado ao cumprimento, mas pelos benefícios que recebia e do
alto salário "preferiu acatar com ordens contrárias ao ordenamento
jurídico, sendo, portanto, participe do ato ilegal".
"Não pode agora querer continuar se beneficiando da
ilegalidade dos atos por ele cometidos e receber indenização por tal
fato", frisou.
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