Posição vem após Grupo de Lima rechaçar ação
militar; opositor buscou apoio para o tema após frustrada ajuda humanitária
Guaidó foi evasivo sobre um possível pedido para a intervenção militar estrangeira / Foto: Sergio Lima |
Juan Guaidó, autoproclamado
presidente interino da Venezuela, esteve junto ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (28) em Brasília. Após rápido
pronunciamento de ambos no Palácio do Planalto, em que focaram na
reafirmação de críticas ao governo de Nicolás Maduro, o venezuelano respondeu a perguntas de jornalistas. Na
coletiva imprensa, Guaidó se esquivou de mencionar uma intervenção militar estrangeira em território venezuelano.
Apesar de
Bolsonaro, que chamou Guaidó de “irmão”, ter prometido “não poupar esforços”
para auxiliar o líder opositor, tanto o Grupo de Lima como
o próprio governo brasileiro – principalmente pela influência dos
ministros militares – rejeitam a possibilidade de ação militar. Ao menos
neste momento, o Planalto rejeita inclusive o uso do território brasileiro como
base de apoio para movimentos militares promovidos por outros
países.
Questionado
diretamente se a opção militar estrangeira permanecia entre as alternativas que
defende, Guaidó deu uma resposta evasiva, admitindo a importância da asfixia econômica para
sua estratégia.
“Hoje a
Venezuela tem uma ditadura. Há anos estamos construindo uma resistência pacífica.
A substituição deste modelo inclui todas as capacidades que não gerem custos
sociais e criem governabilidade. Neste sentido, estamos convencidos de que
temos de ter tudo para conseguir esses elementos. Há um grande consenso a favor
da democracia. [As restrições econômicas] são determinantes”, afirmou.
A
conversa entre Guaidó e Bolsonaro ocorreu após o fracasso político dos comboios
de “ajuda humanitária”, que tentaram entrar à força na Venezuela
no último final de semana, quando havia a expectativa de que houvesse
deserções no seio do alto comando da Forças Armadas Bolivarianas.
A
agenda do opositor de Maduro no Brasil contou com uma reunião com
embaixadores da União Europeia e, após o encontro com o presidente
brasileiro, encontro com parlamentares no Senado.
Guaidó
chegou ao Brasil em um avião da Força Aérea colombiana. Apesar da visita
ter sido de caráter pessoal, Guaidó recebeu do Planalto tratamento de chefe de
Estado, o que incluiu a escolta de batedores, a segurança de agentes da Polícia
Federal e duas viaturas da corporação, além da estadia em um hotel de luxo na
capital brasileira. A escolta incluiu o fechamento temporário de algumas vias,
como presenciado pela reportagem.
O Brasil de Fato questionou
o Ministério das Relações Exteriores o custo da visita para o governo
brasileiro. Até o momento, a assessoria de comunicação do Itamarty não
respondeu à demanda da reportagem.
Guaidó
deve deixar o Brasil nesta sexta-feira (1º) rumo ao Paraguai. De acordo com
ele, seus planos são voltar para a Venezuela na segunda-feira (4), mas ainda
não se sabe por quais vias. Uma semana após se autodeclarar
presidente, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela o
proibiu de deixar o país e congelou suas contas, a partir de
processo de investigação por usurpar as funções do presidente.
Fonte:
Brasil de Fato
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