sexta-feira, 1 de março de 2019

Mídia conservadora “descobre” que governos de direita liquidam o país


Com quase três anos de atraso, a mídia tradicional e os economistas conservadores começam a descobrir aquilo que especialistas e a mídia progressista têm alertado sem parar: as receitas econômicas da direita estão liquidando com o País. Desde o golpe de 2015-2016, quando a direita assumiu a condução da política econômica, os indicadores são de um desastre sem escala; mas, assim como a mídia progressista brasileira, a imprensa internacional registra o descalabro econômico do País com grande alarde
247 - Com quase quatro anos de atraso, a mídia tradicional e os economistas conservadores começam a descobrir aquilo que especialistas e a mídia progressista têm alertado sem parar: as receitas econômicas da direita estão liquidando com o País. Desde o golpe de 2015-2016, quando a direita assumiu a condução da política econômica, os indicadores são de um desastre sem escala: a economia não cresce, o desemprego é sem precedentes, a indústria e o agronegócio estão sendo destruídos. As riquezas nacionais também estão sendo vendidas a preço de banana. Enquanto isso, assim como a mídia progressista brasileira, a imprensa internacional registra o descalabro econômico do País com grande alarde.
A constatação está distante, no entanto, de levar à conclusão necessária. Enquanto articulistas, porta-vozes do mercado e jornalistas conservadores constatam o óbvio, em vez de pedirem mudanças na política econômica, pedem mair arrocho, mais radicalidade ainda. Identificaram a febre, mas querem aumentar a dose do remédio que está matando o paciente. 
jornal Valor Econômico publica como manchete de sua edição digital nesta sexta-feira (1) que "Economia patina e cresce aposta de PIB fraco também em 2019", reforçando que o PIB de 2018 teve alta de apenas 1,1% no ano passado, com a receita neoliberal de Michel Temer, apoiado pelo atual presidente Jair Bolsonaro. Na edição em papel, a manchete foi "Retomada é a mais lenta da história" -o jornal do "mercado" apenas constata, e não "junta os pontos" para explicar que a retomada mais lenta, que sequer começou ainda, só o é por responsabilidades das políticas econômicas neoliberais desde Temer.
A edição digital de O Globo, também da família Marinho, destacou na manhã desta sexta-feira em sua manchete: "Miriam Leitão: resultado do PIB deve servir de alerta; economia está sem capacidade de reação". A seguir, os editores desrtacaram: "'Os milhões de desempregados têm pressa. O discurso de mudança da situação econômica tem que deixar de ser apenas uma promessa de palanque', escreve a colunista". Num texto confuso, Miriam Leitão parece que condenará as políticas recessivas dos governos Temer e agora Bolsonaro, mas termina se rendendo ao pensamento único neoliberal: "É preciso enfrentar os gargalos e acelerar a agenda de reformas" (leia aqui).
"Para completar, a atividade em 2019 queimou a largada, com indicadores apontando um fraco desempenho também em janeiro. Aliado à baixa "herança estatística" deixada por 2018, de 0,4%, isso torna mais difícil um crescimento na casa de 3% neste ano. Uma expansão do PIB mais próxima de 2% desponta como a mais provável", diz a reportagem do Valor.
jornal O Estado de S.Paulo também registra o fraco desempenho do PIB em 2018, destacando que o número irrisório frustra "expectativas que apontavam, no início do ano passado, para um avanço médio de 2,8%. Após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmar nesta quinta-feira, 28, o modesto avanço no Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todo o valor gerado na economia) do ano passado, analistas cortaram as projeções para 2019. Agora, na média, as apostas apontam para um crescimento de 2,05% este ano, ante 2,4% duas semanas atrás".
Outro jornal que apoiou  golpe contra Dilma e a eleição de Bolsonaro, a Folha de S. Paulo publica uma manchete fazendo pressão em cima do atual chefe do Planalto, com o título "Crescimento de 1,1% no PIB amplia desafio de Bolsonaro".
Mídia internacional
O cenáro é bem diferente quando olhado para para a imprensa internacional. Enquanto a mídia conservadora brasileira começa a constatar o fiasco, mas ainda joga panos quentes, a defender o receituário neoliberal, os veículos no exterior têm um olhar bem mais crítico, até os conservadores, como o francês Le Figaro: "Brasil: crescimento baixo" é ó titulo de reportagem do jornal, que fala sobre o 1,1% do PIB como "número desapontador".
A agência chinesa Xinhua afirmou que ritmo da economia "ainda está abaixo do nível de 2014" - antes do golpe. 
Na Argentina, os jornais Clarín e La Nación dizem que no Brasil "a expansão continua débil" e "em ritmo lento". Mais ainda, que "as esperanças se viram frustradas".
Wall Street Journal apontou um "crescimento desbotado", no título. Na reportagem, um analista financeiro diz que "está difícil encontrar empresas para investir aqui".
A Bloomberg preferiu sublinhar que a "Economia do Brasil desacelerou bruscamente no quarto trimestre". De acordo com a reportagem, uma analista da própria Bloomberg Economics afirma que o resultado do PIB "deve reforçar o viés negativo do mercado para crescimento em 2019". A estatística nada animadora já teria levado o banco Goldman Sachs a cortar a previsão de crescimento do país neste ano para 2%, apontou a matéria. Segundo o texto, o País está com dificuldade de retomar o crescimento econômico devido ao "mercado de trabalho mais fraco do que se esperava" 
Reuters entrevistou em Londres o economista-chefe do Institute of International Finance, a associação global dos bancos, sobre o fluxo de investimentos aos emergentes. Ele cita China, Indonésia e México como “destinos mais populares” e critica o Brasil: “Talvez a maior surpresa para mim seja que os fluxos para o Brasil continuem bastante fracos, mesmo após anos difíceis e com uma agenda interessante de reformas.”
Em editorial, The Economist alerta para “o que aparentava ser uma estratégia bem-sucedida de repente parece ser um fiasco”. 


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