O ex-candidato à presidência Ciro Gomes quebrou
sua promessa de não criticar o governo Bolsonaro antes dos cem dias e disparou
contra o ex-capitão: "é um imbecil"; Ciro ainda disse que a prisão do
ex-presidente Michel Temer foi uma aberração e que, embora ele merecesse estar
preso há 20 anos, o timing da operação Lava Jato lhe pareceu equivocado; ele
disse: "não estou a defender Michel Temer, estou a defender a Constituição
brasileira, a ordem jurídica que no Brasil tem sido muito violentada
ultimamente"
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O ex-candidato à presidência Ciro Gomes quebrou sua promessa de não criticar o
governo Bolsonaro antes dos cem dias e disparou contra o ex-capitão: "é um
imbecil". Ciro ainda disse que a prisão do ex-presidente Michel Temer foi
uma aberração e que, embora ele merecesse estar preso há 20 anos, o timing da
operação Lava Jato lhe pareceu equivocado. Ele disse: "não estou a
defender Michel Temer, estou a defender a Constituição brasileira, a ordem
jurídica que no Brasil tem sido muito violentada ultimamente."
A
reportagem do jornal Diário de Notícias destaca trechos da entrevista
que fez com Ciro Gomes:
"Porque
ainda que choque um país de cultura civilizada e avançada como é Portugal,
Michel Temer merecia ser condenado e estar preso há dez ou 20 anos. Mas até
hoje não foi ainda formalizada nenhuma condenação. A regra nos países
civilizados do Estado de direito democrático é a liberdade. As prisões
excecionais dão-se em casos muitos específicos. E nenhum dos factos imaginados
pela lei, como a ameaça de fugir, evidência de que está a destruir provas,
coagindo testemunhas ou perturbando a ordem pública, nem uma dessas situações
excecionais, estava desenhada em redor de Michel Temer. Portanto, não estou a
defender Michel Temer, estou a defender a Constituição brasileira, a ordem
jurídica que no Brasil tem sido muito violentada ultimamente."
"A Lava-Jato teve um
impacto publicitário no começo que se está a esvair muito rápido. Bolsonaro
recrutou o [juiz Sérgio] Moro por uma razão publicitária. Parecia que o xerife
da nação, o grande vergalhão moral da nação, estava aceitando participar num
governo que parecia ser a sanção, a demonstração que seria um governo que se
constituiria originalmente contra a corrupção e os maus costumes no Brasil. Na
sequência, os factos foram evidenciando que tudo isso são ilusões, porque a
corrupção é um fenómeno mais complexo e tem de ser enfrentado com muito mais
sofisticação do que com esses casos de publicidade."
"Aí aconteceram casos graves. Por exemplo,
o ministro-chefe do governo, Onyx Lorenzoni, é confesso de ter feito fraude com
dinheiro de campanha que é basicamente a razão pela qual a Lava-Jato começa a
entrar na política. E Moro relativizou completamente, chegando a dizer que
dinheiro fraudulento numa campanha não é assim um crime tão grave quanto achava
no passado que era. Depois, o filho do presidente e o próprio presidente, com a
mulher envolvida, começam a envolver-se com milícias. Isto é uma coisa
completamente constrangedora, com muito dinheiro público envolvido, dinheiro
subtraído do salário de funcionários-fantasmas. E o Moro permanece
absolutamente calado, lavando as mãos, como se não houvesse responsabilidade
dele nisso. E há responsabilidade dele nisso. Na medida em que se está erodindo
muito rapidamente essa imagem publicitária e está semeada aí uma tensão: ele
vai preservar a sua imagem e vai-se demitir do governo ou vai afundar junto com
o governo? Me parece que é muito mais o tipo oportunista e agarrado nos media,
nos holofotes da publicidade. A tendência é sair do governo."
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