sexta-feira, 15 de março de 2019

Ataque a muçulmanos foi obra de supremacistas de extrema-direita


O atirador que transmitiu as imagens online foi identificado como Brenton Tarrant, um australiano. Ele publicou um manifesto de 74 páginas em uma rede social, no qual elenca líderes racistas americanos como seus heróis, descreve o ataque como um ato terrorista e disse que transmitiria a ação pela internet
247 - As primeiras informações que chegam do atentado aos muçulmanos e muçulmanas na Nova Zelândia, que matou ao menos 49 pessoas, indicam que autoria foi de pessoas partidárias do supremacismo branco e de extrema-direita. O atirador que transmitiu as imagens online foi identificado como Brenton Tarrant, um australiano. Ele publicou um manifesto de 74 páginas em uma rede social, no qual elenca líderes racistas americanos como seus heróis, descreve o ataque como um ato terrorista e disse que transmitiria a ação pela internet -o que de fato fez.
O criminoso divulgou, antes de começar o ataque, um vídeo em que se identificava como um australiano de 28 anos, defensor da ideologia de extrema-direita e anti-imigração. As contas dele Facebook e no Instagram foram removidas. O Facebook afirmou que estava trabalhando para remover as cópias do vídeo.
Um vídeo, que circulou amplamente pelas redes sociais e foi transmitido ao vivo durante o ataque, mostra uma pessoa carregando um fuzil em um carro. Enquanto isso, ouvia uma canção chamada "Serbia Strong" (Sérvia Forte, em tradução livre), um cântico nacionalista sérvio que louva Radovan Karadzic, ex-presidente da Sérvia condenado por crimes de guerra e contra a humanidade devido ao massacre de Srebrenica, na Bósnia, em 1995.
O jornalista Jamil Chade opina em seu blog que "ainda é cedo para tirar conclusões sobre o atentado terrorista ocorrido na Nova Zelândia contra muçulmanos, num dos países mais pacíficos do mundo. Mas o que é evidente é a presença de um ingrediente recorrente em atos dessa natureza: o ódio".
Chade prossegue dizendo que "tanto entre os muçulmanos como entre os radicais de direita, não há como tratar tais atos sempre como casos isolados, abandonando o cenário e os incentivos aos quais que esses criminosos são expostos".
"Se não existe um risco de uma invasão muçulmana na Nova Zelândia, se o país não está em guerra e se a pobreza não é sequer uma ameaça, de onde viria tanto ódio?"
"Nos últimos anos, dezenas de intelectuais, políticos e centros especializados passaram a buscar uma resposta a situações parecidas. Quase todos chegaram em uma mesma constatação: a insistência do uso discurso do ódio como instrumento de poder pode, de forma indireta, levar certos integrantes de um grupo na sociedade a passar à ação", enfatiza Chade.


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