Ex-ministro da Previdência do governo Dilma Rousseff, Carlos
Gabas diz que a proposta devastadora do governo de Jair Bolsonaro, defendida
por Paulo Guedes, é um "balão de ensaio", ou seja, uma proposta
piorada, para que se aprove a ideia original, amenizada, mas igualmente ruim
para quem mais precisa da aposentadoria; "Se o texto for realmente este,
ele empurra o brasileiro para a morte sem conseguir se aposentar", adverte
o ex-ministro
William De Lucca, 247 - “Se a
proposta não for um balão de ensaio, é uma bomba atômica”. É assim que o
ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, analisa a proposta de reforma da
Previdência do governo Bolsonaro que deve ser apresentada ao Congresso, e que
foi divulgada nesta segunda-feira (4).
O texto
da PEC prevê a obrigatoriedade de idade mínima de 65 anos para homens e
mulheres se aposentarem. A proposta que Temer tinha encaminhado previa idade
mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. A PEC de Bolsonaro
prevê, ainda, que quem quiser receber 100% do benefício terá de trabalhar 40
anos.
A
proposta seria tão devastadora para os direitos dos trabalhadores que Gabas
acredita que trata-se de um “balão de ensaio”, ou seja, uma proposta piorada,
para que se aprove a ideia original, amenizada, mas igualmente ruim para quem
mais precisa da aposentadoria.
“Se o
texto for realmente este, ele empurra o brasileiro para a morte sem conseguir
se aposentar”, adverte o ex-ministro, que atuou na pasta nas gestões dos
ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.
O
ex-ministro explica que a proposta de Bolsonaro desconstitucionaliza as regras
da Previdência, seja para o regime próprio ou geral, deixando todos os detalhes
para uma lei complementar que vai estabelecer as normas para os regimes.
A
principal mudança analisada por Gabbas, entretanto, é a possibilidade de
estabelecer a previdência em regime de capitalização individual, usando
inclusive recursos do Fundo de Garantia para compor os recursos da
aposentadoria.
A
capitalização, de "caráter obrigatório", é uma espécie de poupança
que os trabalhadores serão obrigados a fazer. Eles terão de abrir uma conta
individual para depositar um percentual do salário todos os meses para bancar
seus benefícios no futuro. Adotado no Chile durante a ditadura militar, a
capitalização da Previdência levou aposentados à miséria.
“Na
prática, isso transfere recursos do FAT (Fundo de Auxílio ao Trabalhador) para
os bancos privados, já que o trabalhador poderá decidir em que instituição
bancária vai aportar os recursos de sua previdência em regime de capitalização,
inclusive para estados e municípios”, explica Gabas.
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