Entre shows nos dois extremos de uma ponte fechada
e fluxo de pedestres em uma outra ponte aberta, tensão marca divisa
Governo colombiano arma palco a poucos metros da fronteira com a Venezuela / Fania Rodrigues |
Na
cidade de Cúcuta, o governo colombiano montou um palco na entrada da ponte internacional Las
Tienditas, onde se apresentarão cantores estrangeiros,
nessa sexta-feira (22). Do lado venezuelano, no sentido oposto da mesma
ponte, músicos nacionais participarão do que foi chamado de "Show
pela Paz", que terá duração de três dias, entre 22 e 24 de fevereiro.
O governo do presidente Nicolás Maduro anunciou que será
uma "ocupação cultural" com artistas venezuelanos nas cidades
fronteiriças de San Antonio del Táchira e Ureña.
O megashow do lado
colombiano é organizado pelo empresário e magnata britânico Richard
Branson. Entre os artistas anunciados estão Maluma, Maná, Chyno, Nacho, Juanes,
Alejandro Sanz. A brasileira Anitta chegou a ser anunciada pelo empresário, mas
sua assessoria negou sua participação.
Além do
show, o magnata também organizou uma página web do Venezuela
Aid Live com o objetivo de arrecadar 100 milhões de dólares
em um prazo de 60 dias para "ajuda humanitária" ao país.
Já o
"Show pela Paz" contará com 44 artistas venezuelanos, muios deles
famosos em todo o país e outros que são expressão da música folclórica
tradicional.
O que pensa a população?
Enquanto
a ponte Las Tienditas é fechada para passagem, a Ponte Internacional
Simón Bolívar tem um fluxo diário de 30 a 35 mil pessoas por dia entre
venezuelanos e colombianos. No local, o Brasil
de Fato entrevistou moradores para saber como interpretam
o momento atual.
Em meio
ao conflito, a maioria da população de San Antonio, na Venezuela, e
de Cúcuta, na Colômbia, mantém uma vida normal, porém, com certa preocupação em
relação ao desenrolar desse estado de tensão que ronda a fronteira, como
conta a cozinheira venezuelana Rosa del Rio.
"Nós,
os cidadãos temos que ser vigilantes desse processo. Colombianos e venezuelanos
temos que conviver. Agora, trata-se de subsistência. Aqui não existe
guerra, a guerra é entre os poderes. Entre os cidadãos não há guerra. Com cada
pessoa que falo tem algo a contar sobre como essa dificuldade entre os dois
países nos afetam", afirma Rosa, que também é vendedora de doces.
Se
depender do fabricante de sabão artesanal, Luis Mujica, também não
haverá enfrentamentos entre colombianos e venezuelanos. "O povo da
Venezuela é um povo que gosta da paz. Não acredito que ninguém
esteja disposto a criar distúrbios. Mas para ninguém é um
segredo que essa é uma zona em que operam 'autoridades paralelas', para não
chamá-los de outro nome. Eles possuem sua própria lei. Isso escapa a
vontade de um governo. Isso é como um estado dentro de um Estado", diz o
trabalhador venezuelano.
Mujica,
que frequentemente vai até o lado colombiano da fronteira para comprar insumos
para seu trabalho, acredita na paz neste momento, mas teme
por ações de paramilitares colombianos, atuando como forças
desestabilizadoras e criando os chamados "falsos positivos",
atentados para culpar o lado contrário do conflito. "Isso pode
ocorrer aqui. É que esses eventos se prestam a isso. O temor é que haja um
do lado colombiano e outro do lado venezuelano, simultaneamente".
Os
militares que fazem a segurança da ponte internacional Simón Bolivar informaram
ao Brasil de Fato que
o trânsito da via será mantido normalmente todos os dias.
Venezuelanos e colombianos circulam normalmente na Ponte Internacional Simón Bolívar, entre a Venezuela e a Colômbia | Foto: Fania Rodrigues |
Fonte:
Brasil de Fato
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