Ministro do STF negou recurso do presidente contra condenação por ofensa
de 2014, na qual Bolsonaro falava em estupro à parlamentar; indenização é de R$
10 mil, além de retratação pública
Maria do Rosário mantém ação contra Bolsonaro: luta é para que nunca mais uma mulher seja alvo de ataques ou desrespeitos machistas, na política ou em qualquer outro lugar |
São Paulo – O ministro Marco Aurélio de
Mello, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou recurso de Jair Bolsonaro à ação
cível em que o atual presidente da República foi condenado por falar em estupro
à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
A
condenação, de agosto de 2017, no Superior Tribunal de Justiça, prevê
indenização de R$ 10 mil por danos morais, além de retratação via imprensa e
nas redes sociais.
O caso
ocorreu em 2014, quando o então deputado Bolsonaro disse a Maria do Rosário que
só não a estuprava porque ela “não merecia”, era “feia” e “não fazia o tipo
dele”. Bolsonaro foi condenado em 2015 pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal, mas alegou imunidade parlamentar.
Segundo
Marco Aurélio, a reanálise das provas é impossível sob o entendimento
constitucional do Supremo. “Em primeiro lugar, a imagem do estupro
recupera o julgamento social frequente de como as mulheres são retratadas com
base em estereótipos e status de gênero. Esse fato causa eventos potencialmente
dramáticos em qualquer mulher”, afirma o ministro Marco Aurélio Mello, em sua
sentença. “No caso, entretanto, de uma ex-ministra da Secretaria de
Direitos Humanos, o discurso gera efeitos devastadores em razão do ativismo da
vítima, exatamente no respeito aos direitos fundamentais.”
O
ministro ainda determinou acréscimo de 5% no valor que Bolsonaro terá de pagar
à defesa de Maria do Rosário.
“Estes
recursos têm como objetivo protelar o cumprimento da sentença na qual Bolsonaro
deve pagar R$ 10 mil e retratar-se publicamente em jornais e em suas redes no
Facebook e YouTube. Reitero que os valores desta indenização, que tem valor
simbólico inestimável, serão doados para entidades que protegem mulheres vítimas
de violência”, afirmou a deputada petista em nota.
Derrota ao agressor
“A
decisão do ministro Marco Aurélio ocorre no momento em que o Brasil encontra-se
mais uma vez profundamente abalado pela violência contra a mulher. Em 2019, já
registramos cerca de 170 feminicídios”, destacou Maria do Rosário. “Por isto,
considero que manter a condenação de Bolsonaro é simbolicamente derrotar cada
agressor de mulheres deste país e dizer: não ficarão impunes.”
A
parlamentar lembra que, além do processo cível, é autora de ação penal contra
Bolsonaro, cuja tramitação foi suspensa em razão do
atual cargo que o presidente ocupa, mas será retomada ao final do mandato.
“Considero
a decisão mais uma vitória de todas as mulheres do Brasil, que junto comigo tem
travado uma batalha diária por respeito e por justiça. Seguiremos lutando o
tempo que for necessário, para que nunca mais uma mulher seja alvo de ataques
ou desrespeitos machistas, na política ou em qualquer outro lugar”, comemorou a
parlamentar.
Fonte:
RBA
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