A Vale vai doar R$ 100 mil para cada família que teve um
parente morto na tragédia gerada com o rompimento da barragem da mineradora em
Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte. Segundo a empresa, trata-se de
doação, e não de indenização
Agência Brasil – A Vale vai doar R$ 100 mil para cada família que teve
um parente morto na tragédia gerada com o rompimento da barragem da mineradora
em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte. As doações serão repassadas a
partir de hoje (29). Segundo a empresa, trata-se de doação, e não de
indenização. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, foram
confirmadas 60 mortes em decorrência do rompimento da barragem na Mina Feijão.
Outras 292 pessoas estão desaparecidas.
A doação foi
informada em coletiva de imprensa concedida no Rio de Janeiro por Luciano
Siani, diretor-executivo de finanças e relações com investidores da Vale.
"Isso nada tem a ver com indenização, que serão valores muito
maiores", destacou ele. Luciano afirmou que os pagamentos serão realizados
já a partir de amanhã (29).
Members of a rescue team carry a body recovered after
a tailings dam owned by Brazilian mining company Vale SA collapsed, in
Brumadinho, Brazil January 28, 2019. REUTERS/Washington Alves
Empresa esclarece que os R$ 100 mil são doação, e não indenização para aqueles
que perderam parentes em Brumadinho. Pagamento começa nesta terça-feira -
Washington Alves/Reuters/Direitos Reservados
O diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano
Siani, disse que está assegurado o repasse da compensação financeira para o
município de Brumadinho. "A Vale vai compensar o município como se a
operação estivesse correndo", ressaltou.
O
executivo da Vale reiterou a decisão tomada pelo Conselho Administrativo de
Vale de suspender o pagamento de bônus e dividendos aos acionistas da empresa.
Também garantiu que o município de Brumadinho não irá perder arrecadação por
conta da paralisação das atividades da mineradora. A prefeitura receberá uma
compensação financeira para manter sua receita como se as operação estivessem
ocorrendo normalmente.
Luciano
disse ainda que a empresa contratou uma equipe de psicólogos do Hospital Albert
Einstein especializada no atendimento à vítimas de catástrofes. Ela irá atuar
de forma complementar aos demais profissionais de saúde que já estão
trabalhando com os atingidos.
Questionado
sobre a queda de 24% das ações da Vale na Bolsa de São Paulo, Siani disse que o
foco das preocupações é outro. "O foco é na mitigação do sofrimento."
O
diretor da Vale afirmou ainda que não ter competência para avaliar as sugestões
de mudança no comando da Vale. Segundo Siani, o tema "compete ao Conselho
de Administração".
"Todos
esses assuntos são de menor importância, todo o foco está nas pessoas e no meio
ambiente. A família Vale está dilacerada e está sofrendo", disse Siani.
Contenção
Outra medida anunciada pelo executivo da Vale é a implantação de uma cortina de
contenção no Rio Paraopeba. "Queremos impedir que o rejeito que se desloca
lentamente afete a captação de água na cidade de Pará de Minas. Temos a
expectativa muito grande de que isso tenha sucesso", disse.
De
acordo com monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), estatal
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a pluma formada pela mistura de
rejeito e água está avançando a uma velocidade de um quilômetro por hora. O
último boletim divulgado hoje (28) estima que a água turva chegará na noite de
amanhã (29) à São José da Varginha, município que faz limite com Pará de Minas.
Protesto
Do lado de fora do edifício que abriga a sede da Vale, no bairro de Botafogo,
no Rio de Janeiro, um protesto convocado pelas redes sociais reuniu cerca de
100 pessoas. Eles jogaram lama na entrada do prédio, acenderam velas e
estenderam faixas cobrando a responsabilização criminal da mineradora.
"Não foi acidente", registravam cartazes. Alguns ativistas também
fizeram uma performance encenando os impactos da tragédia.
Presente
no ato, o professor Geovano Santos da Fonseca, criticou não apenas a Vale, como
também a atuação do poder público. "Não podemos esperar boa fé dos órgãos
que não fiscalizaram antes. A solução que temos é nos juntar nas ruas e dizer
que não vamos aceitar mais que a vida das pessoas sejam ceifadas dessa
forma", disse.
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