Depois de Bolsonaro afirmar repetidamente durante a campanha
e depois de eleito que os cubanos do Mais Médicos eram submetidos a um
"regime de escravidão", seu governo não está pagando os brasileiros
que entraram no programa para substituir os profissionais do país caribenho; os
médicos que passaram a fazer parte do programa, em dezembro, após a saída dos
médicos cubanos, não receberam o pagamento devido até agora
247 - Depois de
Bolsonaro afirmar repetidamente durante a campanha e depois de eleito
que os cubanos do Mais Médicos eram submetidos a um "regime de
escravidão", seu governo não está pagando os brasileiros que entraram no
programa para substituir os profissionais do país caribenho. Os médicos que
passaram a fazer parte do programa, em dezembro, após a saída dos médicos
cubanos, não receberam o pagamento devido até agora. De acordo com o Ministério
da Saúde, o problema atinge cerca de 5.036 médicos. Pelas regras do
programa, cada profissional deve receber uma bolsa de R$ 11.800, além de
auxílio-moradia.
Em
novembro, após ser eleito, Bolsonaro disse que sempre foi contra o programa por
uma questão humanitária. "Eu sempre fui contra o Mais Médicos,
primeiro por uma questão humanitária, 70% [do dinheiro] ficam com o governo
deles, e não temos a menor comprovação de que eles realmente sabem o que estão
fazendo. É trabalho escravo e eu não vou convidar pra ficar”, justificou o
presidente eleito."É trabalho escravo e eu não vou convidar para
ficar", afirmou Bolsonaro depois, em coletiva no Centro Cultural Banco do
Brasil (CCBB).
A
previsão era que o pagamento ocorresse ainda na primeira semana de janeiro de
forma proporcional aos dias trabalhados. Alguns profissionais iniciaram o
serviço na primeira semana de dezembro. Outros se apresentaram na semana
seguinte.
"Abri
mão do meu auxílio-trabalho e do aviso prévio para começar o mais rápido
possível. Tivemos que assumir com muita rapidez para que os postos não ficassem
sem médicos, mas não recebemos", afirmou ao jornal Folha de S.Paulo uma
médica que iniciou o trabalho em 4 de dezembro no interior de São Paulo, e que
pede para não ser identificada, de acordo com reportagem da jornalista Natália Cancian.
Os
profissionais também afirmam que, além do atraso no pagamento da bolsa, não
houve reembolso no valor de passagens aéreas e em outros gastos de mudança. O
edital prevê auxílio equivalente a até três vezes o valor da bolsa nestes
casos.
A nova
secretária de gestão do trabalho e educação na saúde, Mayra Pinheiro, afirma
que o problema ocorreu devido a dificuldades técnicas no cadastro dos
profissionais. "Estamos contornando o problema. Sempre que termina um
edital, temos um problema de cadastro de informações, e também mudamos o
sistema de pagamento. Antes eram feitos pelo sistema de cooperação com a Opas.
Como houve rompimento do contrato [com Cuba], tivemos que mudar a fórmula.
Imagina o que é inserir cerca de 8.000 pessoas de novo no sistema
bancário", afirma.
O
Ministério da Saúde afirmou que os pagamentos devem ser regularizados até o fim
deste mês, mas os profissionais estão descrentes.
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