"O senador justifica o tamanho das cifras que
transitaram pela sua conta por ser empresário e devido ao tal negócio
imobiliário. Ele garante que tem como afastar suspeitas sobre o fluxo de sua
conta bancária. Deveria, então, depor logo ao MP. Também porque seu pedido para
que se valha do foro especial de senador não deverá prosperar", diz
editorial desta terça-feira
247 – Assim como a Folha, o
jornal O Globo também não leva a sério as explicações até agora apresentadas
por Flávio Bolsonaro. "O senador justifica o tamanho das cifras que
transitaram pela sua conta por ser empresário e devido ao tal negócio
imobiliário. Ele garante que tem como afastar suspeitas sobre o fluxo de sua
conta bancária. Deveria, então, depor logo ao MP. Também porque seu pedido para
que se valha do foro especial de senador não deverá prosperar", diz
editorial desta terça-feira. Leia abaixo:
À medida que o tempo foi
passando, o chamado caso Queiroz, com muitos indícios de ser um golpe da
"rachadinha", típico do baixo clero parlamentar, cresceu e, como era
previsto, atingiu o titular do escritório em que assessores cediam parte de
seus salários, sendo o ex-policial militar o arrecadador do dinheiro.
E assim, o deputado estadual
Flávio Bolsonaro, enquanto se preparava para trocar o escritório na Assembleia
fluminense (Alerj) por um gabinete no Senado, foi surpreendido pela notícia, de
"O Estado de S.Paulo", de que Fabrício Queiroz, seu assessor, e
vários outros de mais de 20 deputados da Alerj caíram na malha do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf), por realizarem operações bancárias
atípicas. Relatórios do Coaf fazem parte das investigações conduzidas pela
Operação Furna da Onça, da PF e do Ministério Público estadual, sobre corrupção
na Assembleia.
A história não parou de ganhar
importância, a ponto de passar a ser real ameaça à imagem do governo do pai de
Flávio, eleito pelo voto do cansaço com as traficâncias do PT e aliados e de
esperança nas promessas de combate firme à corrupção feitas por Jair Bolsonaro.
Inclusive de não pactuar com delitos cometidos em seu entorno.
Contra o presidente nada surgiu
até agora. Mas o R$ 1,2 milhão que passou pela conta de Fabrício em dois anos
transformou-se, conforme revelou O GLOBO, em R$ 7 milhões em três anos, o que
deu nova dimensão ao assunto. E, na sexta, o "Jornal Nacional"
revelou que o Coaf também detectou 48 depósitos em favor de Flávio Bolsonaro,
de R$ 2 mil cada, R$ 96 mil ao todo. O fracionamento costuma ser manobra típica
de tentativa de ocultação.
O senador diplomado deu
entrevista à "RedeTV!", divulgada no domingo, em que explicou que os
depósitos pulverizados se deveram ao fato de que o caixa eletrônico no qual
foram feitos, na própria Alerj, estabelece limite por operação. E que o dinheiro
provém da venda de um apartamento, da qual recebeu R$ 100 mil em dinheiro. O
ex-atleta Fábio Guerra confirmou ontem o negócio fechado com Flávio.
Faltam mais explicações. Por
exemplo, sobre divergências de datas entre a escritura do imóvel e os depósitos
na conta de Flávio detectados pelo Coaf. E por que eles foram feitos em 48
parcelas, quando seria mais fácil usar o caixa normal.
O senador justifica o tamanho
das cifras que transitaram pela sua conta por ser empresário e devido ao tal
negócio imobiliário. Ele garante que tem como afastar suspeitas sobre o fluxo
de sua conta bancária. Deveria, então, depor logo ao MP. Também porque seu
pedido para que se valha do foro especial de senador não deverá prosperar.
Flávio Bolsonaro deveria ser o
primeiro a não querer que este caso se alongue e comece a desidratar
politicamente o governo, às vésperas de negociações-chave no Congresso para
viabilizar a reforma da Previdência.
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