Movimentações foram feitas em espécie na conta do
senador eleito, totalizando R$ 96 mil
(Foto: Hugo Barreto/Metrópoles) |
A edição da noite desta sexta-feira (18/1) do Jornal
Nacional, da TV Globo, revelou com
exclusividade um novo relatório do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf) sobre movimentações bancárias suspeitas de Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ). Feito a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o novo
documento procurou esclarecer suspeitas de que servidores devolviam parte
de seus salários a parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj). O primeiro documento tratava apenas de movimentações suspeitas em
contas dos servidores.
O novo relatório indica que, em um mês, foram quase 50
depósitos em dinheiro numa conta do deputado estadual e senador eleito pelo Rio
de Janeiro que é um dos filhos do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
O
documento traz informações sobre movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro
entre junho e julho de 2017. São 48 depósitos em espécie na conta do senador
eleito, concentrados no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da
Alerj e sempre no mesmo valor: R$ 2 mil.
No
total, foram R$ 96 mil, depositados em cinco dias:
·
9 de
junho de 2017: 10 depósitos no intervalo de 5 minutos, entre 11h02 e 11h07;
·
15 de
junho de 2017: mais cinco depósitos, feitos em 2 minutos, das 16h58 às
17h;
·
27 de
junho de 2017: outros 10 depósitos (total de R$ 20 mil), em 3 minutos, das
12h21 às 12h24;
·
28 de
junho de 2017: mais oito depósitos, em 4 minutos, entre 10h52 e 10h56;
·
13 de
julho de 2017: 15 depósitos, em 6 minutos.
O Coaf
diz que não foi possível identificar quem fez os depósitos. O relatório afirma
que o fato de terem sido realizados de forma fracionada desperta suspeita
de ocultação da origem do dinheiro.
Além
disso, o Coaf classifica que tipo de ocorrência pode ter havido com base numa
circular do Banco Central a respeito da lavagem de dinheiro e a realização
de operações que por sua habitualidade, valor e forma configuram artifício para
burla da identificação dos responsáveis ou dos beneficiários finais.
O
documento, obtido com fontes da equipe de reportagem do JN, está identificado
como “item 4” e faz parte de um relatório de inteligência financeira (RIF).
Relatório
a pedido do MPRJ
O Jornal Nacional apurou que esse novo relatório de inteligência foi pedido pelo Ministério Público do Rio a partir da investigação de movimentação financeira atípica de assessores parlamentares da Alerj.
O Jornal Nacional apurou que esse novo relatório de inteligência foi pedido pelo Ministério Público do Rio a partir da investigação de movimentação financeira atípica de assessores parlamentares da Alerj.
O
primeiro relatório tratava da movimentação dos funcionários da assembleia.
Desta vez, o MP pediu ao Coaf para ampliar o levantamento. A suspeita é que
funcionários dos gabinetes devolviam parte dos salários, numa operação
conhecida como “rachadinha”.
O MP pediu o novo relatório ao Coaf em 14 de dezembro e foi
atendido no dia 17, um dia antes de Flávio Bolsonaro ser diplomado senador.
Portanto, segundo o Ministério Público, ele não tinha foro privilegiado na
ocasião. Por causa desse relatório, Flávio questionou a competência do MP.
Flávio
Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) a suspensão temporária da investigação e a
anulação das provas. Ele foi citado no procedimento aberto pelo Ministério
Público do Rio contra Fabrício Queiroz. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro é
investigado por movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão durante um ano.
Criar
atalho
Na reclamação ao STF, Flávio Bolsonaro argumentou que o Ministério Público do Rio se utilizou do Coaf para “criar atalho e se furtar ao controle do Poder Judiciário, realizando verdadeira burla às regras constitucionais de quebra de sigilo bancário e fiscal”.
Na reclamação ao STF, Flávio Bolsonaro argumentou que o Ministério Público do Rio se utilizou do Coaf para “criar atalho e se furtar ao controle do Poder Judiciário, realizando verdadeira burla às regras constitucionais de quebra de sigilo bancário e fiscal”.
Flávio
argumentou também que, “depois de confirmada sua eleição para o cargo de
senador, o Ministério Público requereu ao Coaf informações sobre dados
sigilosos de sua titularidade” e que as informações do procedimento
investigatório foram obtidas de forma ilegal, sem consultar a Justiça.
O Jornal
Nacional procurou a assessoria de Flávio Bolsonaro, mas não obteve resposta.
Fonte: Portal Metrópoles
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