O ex-motorista Fabrício Queiroz, apontado como laranja da
família Bolsonaro, movimentou mais do que o R$ 1,2 milhão até agora revelado.
Segundo o jornalista Lauro Jardim, dados do Coaf mostram uma movimentação muito
maior, de R$ 7 milhões em três anos – o que pode vir a derrubar não apenas o
senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), como o próprio Jair Bolsonaro, uma
vez que a primeira-dama Michele Bolsonaro também recebeu depósitos da conta de
Queiroz. "Haja rolo", ironiza Lauro Jardim
247 – "O Coaf sabe muito mais do que já foi
revelado sobre o caso Fabrício Queiroz, o ex-motorista de Flávio Bolsonaro. Nos
arquivos do órgão federal de controle de atividades financeiras consta que
Queiroz transacionou um volume de dinheiro substancialmente maior do que veio a
público até dezembro. Além dos famigerados R$ 1,2 milhão movimentados
atipicamente entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, passaram por sua conta
mais R$ 5,8 milhões nos dois exercícios imediatamente anteriores. Ou seja, no
total Queiroz movimento R$ 7 milhões em apenas três anos. Segundo o próprio
Jair Bolsonaro, Queiroz 'fazia rolo'. Haja rolo", informa o colunista
Lauro Jardim, em nota publicada neste domingo no jornal O Globo.
Em sua coluna, Lauro Jardim cita o fato de o
ministro Luiz Fux ter trancado as investigações, numa decisão contestada por
todo o meio jurídico, mas diz que o caso será retomado assim que terminar o
recesso judicial. O ministro Marco Aurélio Mello, que é relator do caso, já
disse que a decisão ilegal, imoral e inconstitucional de Fux irá para a lata de
lixo. Segundo Lauro Jardim, as explicações de Flávio Bolsonaro sobre as
movimentações de Queiroz terão que ser mais convincentes do que as até agora
apresentadas.
Saiba mais sobre o caso:
(Reuters) - Novo documento do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) mostrou depósitos em dinheiro no valor de quase
100 mil reais na conta do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ) no período de um mês, segundo reportagem do Jornal Nacional na
sexta-feira.
Segundo o JN, foram 48 depósitos, no valor de 2 mil
reais cada, entre junho e julho de 2017. Vários dos depósitos foram feitos em
poucos minutos, concentrados no posto de autoatendimento na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O Coaf, segundo a reportagem, apontou que não foi
possível identificar quem fez os depósitos, mas que o fato de serem vários
depósitos do mesmo valor sugerem tentativa de ocultar a origem do dinheiro.
O Ministério Público do Rio de Janeiro havia pedido
relatórios para o Coaf de assessores parlamentares da Alerj. Um ex-assessor de
Flávio, Fabrício Queiroz, é investigado pelo MPRJ por movimentações atípicas
identificadas pelo Coaf no valor de 1,2 milhão de reais.
A reportagem do JN afirma que o MPRJ pediu para o
Coaf ampliar o levantamento para movimentações dos deputados estaduais
fluminenses porque há suspeitas de que funcionários devolvessem parte dos
salários aos parlamentares.
Segundo nota do MPRJ divulgada na sexta-feira,
Flávio, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, não é investigado.
Decisão do presidente em exercício do Supremo
Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, suspendeu a investigação sobre Queiroz a
pedido de Flávio.
Uma fonte do Judiciário, no entanto, disse à
Reuters que Flávio é investigado na esfera cível.
Em entrevista ao Jornal da Record na noite de
sexta-feira, gravada antes da veiculação da matéria do JN, Flávio afirmou que
reivindicou ao STF que sejam cumpridas obrigações legais, embora seja contra o
foro especial.
“Quando tive acesso aos autos, descobri que o
Ministério Público estava me investigando de forma oculta desde meados do ano
passado, e além disso usando vários atos ao longo desse procedimento ilegais
também. E pior, descobri que o meu sigilo bancário havia sido quebrado sem a
devida autorização judicial”, disse ele.
“Não quero privilégio nenhum, mas quero ser tratado
dentro da lei e dentro da Constituição. Não estou me escondendo atrás de foro
nenhum. Não tenho nada para esconder de ninguém. Aonde o Supremo determinar que
eu tenho que ir eu vou fazer”, completou.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a defesa de
Flávio disse que os procuradores produziram provas ilegalmente e quer a
anulação delas.
Queiroz foi convidado duas vezes para prestar
esclarecimentos no MP do Rio de Janeiro, mas não compareceu alegando problemas
de saúde. A família dele também foi chamada para esclarecer a movimentação
atípica de mais de 1,2 milhão de reais entre 2017 e 2018, mas não apareceu na
data marcada.
Flávio Bolsonaro também não compareceu a um
depoimento, mas havia prometido marcar uma nova data. Por ter prerrogativa de
foro, ele podia acertar com os promotores uma data para se apresentar e dar
seus esclarecimentos. O parlamentar usou sua conta em uma rede social para
justificar a ausência e argumentou que não teve acesso ao processo.
Em dezembro, Queiroz afirmou em entrevista ao SBT
que entre suas atividades está a de revenda de carros. Ele disse que ganhava
cerca de 10 mil reais por mês quando fazia assessoria a Flávio Bolsonaro e que
seus rendimentos mensais eram de cerca de 24 mil reais, incluindo remuneração
como policial.
De acordo com o relatório do Coaf, entre a
movimentação suspeita de Queiroz de 1,2 milhão de reais estavam depósitos à
hoje primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
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