Acusadas de corrupção pela Lava Jato e em meio à recessão
econômica do governo Michel Temer, as seis maiores empreiteiras nacionais,
responsáveis pelos principais projetos de infraestrutura do país, acumulam
prejuízos da ordem de R$ 55 bilhões desde 2015; além de afetar o caixa das
empresas e o andamento de obras, um outro efeito derivado da Lava Jato atingiu
diretamente os trabalhadores: as empresas responderam por 200 mil das 500 mil
demissões registradas pelo setor de construção civil durante o período
247 - Acusadas de corrupção pela Lava Jato e em meio à recessão
econômica agravada nos últimos anos em decorrência das políticas do governo
Michel Temer, as seis maiores empreiteiras nacionais, responsáveis pelos
principais projetos de infraestrutura do país, acumulam prejuízos da ordem de
R$ 55 bilhões desde 2015. Além da queda no faturamento, que foi reduzido de R$
77 bilhões para R$ 22 bilhões, um outro efeito derivado da Lava Jato atingiu
diretamente os trabalhadores. Sem recursos, a Odebrecht, Constran, Andrade
Gutierrez, Queiroz Galvão, Mendes Júnior e Camargo Corrêa responderam por 200
mil, das 500 mil demissões, registradas pelo setor de construção civil durante
o período.
Os impedimentos
legais, que levaram muitas destas empresas a serem impedidas de participarem de
licitações, escassez de investimentos em grandes projetos devido à crise
econômica, fez com que as empreiteiras buscassem alternativas, seja pela
criação de novas empresas para ficarem fora do radar da Lava Jato, oferecimento
de descontos, maior inserção no mercado internacional – apesar de muitas delas
também estarem sob investigação em diversos países.
Ainda
assim, os prejuízos persistem, uma vez que os problemas financeiros e jurídicos
não foram resolvidos. A Queiroz Galvão tenta negociar uma dívida da ordem de R$
10 bilhões junto a diversas instituições financeiras. A Andrade Gutierrez não
conseguiu uma fatura de US$ 500 milhões cobrada por credores internacionais e
Mendes Júnior ainda não conseguiu fazer valer os eu plano de recuperação
judicial, elaborado em 2016. A maior empreiteira brasileira, a Odebrecht teve
dificuldades para conseguir financiamentos necessários para tocar a empresa, o
que só foi obtido em maio.
Somente
a Odebrecht, que assinou na semana passada um acordo de leniência com as
autoridades, viu o seu faturamento despencar de de R$ 57,9 bilhões, em 2015,
para R$ 11 bilhões em 2017. Segundo o presidente da construtora, Fabio
Januário, até 2020 a empresa planeja disputar projetos da ordem de US$ 490
bilhões, 70% deles localizados no exterior. Dos 200 mil demitidos pelas seis
maiores empreiteiras desde 2015, a Odebrecht desligou cerca de metade deste
pessoal.