"O governo Bolsonaro vai dar certo?", pergunta o
jornalista Reinaldo Azevedo, que responde: não; mas, para ele, seria um erro
concluir com base nessa resposta que o governo que assume na próxima
terça-feira (1) será necessariamente malsucedido; "estamos falando de
esferas distintas da experiência pública"
247 - "O governo Bolsonaro vai dar certo?",
pergunta o jornalista Reinaldo Azevedo na Folha, que responde: não. Mas, para ele, seria um erro concluir
com base nessa resposta que o governo que assume na próxima terça-feira (1)
será necessariamente malsucedido. "Estamos falando de esferas distintas da
experiência pública".
"O arranjo
não dará certo porque nem mesmo haverá um governo. Três partidos - o da
Polícia, o de Chicago e o da Caserna - disputarão a primazia de conduzir o
Estado, enquanto o chefe caça cavalos de Troia em provas do Enem, vigia os
meninos para que não brinquem com bonecas nem façam esquisitices com os primos,
vitupera contra Cuba, faz sinal de arma com os dedos e pendura roupas no
varal", explica Reinaldo, que faz uma segunda pergunta: se a economia
tiver um desempenho ao menos medíocre, é preciso muito mais do que isso para
manter o poder?
Para
Reinaldo, "o ódio à política eliminou os espaços de interlocução de
contrários e ocupou o território da contestação ao establishment, que perdeu os
marcos de economia política para se expressar como moralismo estridente. Não se
deve cometer o erro de achar que Bolsonaro acabará se acomodando ao molde
institucional, que está, de resto, avariado. O político só existe como tal, com
a sua estupefaciente soma de inabilidades, porque se apresenta como o homem
comum, excluído pelo sistema. O poderoso continuará a ambicionar o lugar da
vítima vingadora. Os marcos do Estado democrático e de Direito continuarão a
ser seus alvos. E conta, para tanto, com Sérgio Moro como seu 'sniper'".
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