sábado, 15 de dezembro de 2018

Reinaldo Azevedo: “Mourão sabe quando há cheiro de carne queimada no ar”


Em seu blog, Reinaldo Azevedo fala sobre as impressões que o general Hamilton Mourão está tendo com relação ao caso de Flávio Bolsonaro envolvendo seu ex-assessor e o Coaf:
O general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, é um homem inteligente e vivido. Sabe quando há no ar o cheiro de carne queimada. É o que está sentindo no caso envolvendo Fabrício Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro, dito “motorista”, que movimentou mais de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Parte considerável desse dinheiro foi sacado em espécie. Pelo menos nove funcionários do gabinete de Flávio, então deputado estadual e agora senador eleito, que vem a ser filho de Jair, o futuro presidente, abasteceram a conta. Três dessas nove pessoas pertenciam à família de Queiroz: a mulher e as duas filhas.
Certamente sem convicção, afirma o general sobre o caso do assessor que se comportava como um pequeno banqueiro:
“O presidente deu a explicação dele. Para mim morreu o assunto. O Bolsonaro foi claro na live que fez. Não tem mais o que tocar nisso aí. O que ele disse? que se investigue e que se apure. Então, para mim, morreu o assunto. O presidente já falou o que tinha de falar. Agora é esse Queiroz. A coisa toda está centrada nele.”
Obviamente Mourão sabe que não é assim. Existe o risco de a investigação respingar no presidente eleito? Politicamente, já respingou. Até porque Fabrício Queiroz não era o único a manter relações que parecem heterodoxas entre os funcionários dos Bolsonaros, não e mesmo?
Desde que veio à luz do caso da Val do Açaí, a “servidora à distância” mantida por Bolsonaro — que, na verdade, faxinava sua casa de praia —, parece que a família não prima pelo convencionalismo nas relações de trabalho. Não deixa de ser curioso que o presidente eleito tenha defendido uma legislação nessa área que se assemelhe a informalidade, né? Um dos nove assessores de Flávio que repassava dinheiro a Fabrício Queiroz é o tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Wellington Servulo Romano da Silva. Ele passou 248 dias em Portugal enquanto, para todos os efeitos, era assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj). O senador eleito já deu duas versões conflitantes sobre o assunto. Não há confiança de general que resista.


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