Jair e Eduardo Bolsonaro ao lado do amigo Queiroz |
Fabrício Queiroz, o ex-motorista de Fávio
Bolsonaro, tem depoimento marcado para hoje no Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro.
Se aparecer, não faltarão aos promotores perguntas para
formular.
O Coaf, órgão federal que investiga suspeitas de lavagem
de dinheiro, detectou na conta do ex-assessor, que é policial militar,
movimentação de 1,2 milhão de reais no período de um ano.
Nesse período, Queiroz assinou pelo menos um cheque, de
24 mil reais, que foi depositado na conta de Michele Bolsonaro, a esposa do
presidente eleito.
O policial militar trabalhava no gabinete de Flávio
Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Além dele, trabalharam
lá a mulher e duas filhas, Natália e Evelyn.
Também foram lotados no gabinete do filho de Jair
Bolsonaro o ex-marido da esposa do policial e a filha deste.
Uma das filhas de Fabrício Queiroz deixou o gabinete de
Flávio e foi para o gabinete do pai de Flávio, Jair Bolsonaro, antes que o escândalo
estourasse.
Queiroz e a segunda filha lotada no gabinete de Flávio
foram demitidos em 15 de outubro, dois dias antes de ser deflagrada pela
Polícia Federal a Operação Furna da Onça, que levou à prisão sete deputados
estaduais do Rio, por movimentações suspeitas em suas finanças.
É uma
história confusa e altamente suspeita, mas o que mais chama a atenção é a
blindagem da família Bolsonaro.
Por que Flávio Bolsonaro não foi sequer mencionado pela
Polícia Federal durante a Operação Furna da Onça?
Como se sabe, o pai estava em campanha contra Fernando
Haddad e seu principal discurso era o combate à corrupção.
A descoberta do Coaf veio à tona depois que Jair
Bolsonaro se elegeu e foi anunciada a transferência do Coaf do Ministério da
Fazenda para o Ministério da Justiça sob o comando de Sergio Moro.
No clã Bolsonaro, a movimentação bancária de Flávio
Bolsonaro gerou diferentes reações. Flávio diz que as explicações devem ser
dadas pelo ex-motorista.
“Quem tem que dar explicação é o meu ex-assessor, não
sou eu. A movimentação atípica é na conta dele”, disse Flávio.
O senador eleito se irritou com os repórteres que faziam
perguntas sobre o assunto, durante a cerimônia do TRE do Rio em que foi
diplomado senador eleito.
“Deixa eu trabalhar, deixa eu trabalhar. Não tem nada de
errado no meu gabinete”, afirmou.
O presidente eleito não compareceu à cerimônia.
Ele chegou a ser anunciado no evento do TRE, mas não
apareceu, alegando razões médicas.
Com essa desculpa, Jair Bolsonaro repete a campanha,
quando fugiu dos debates com Haddad alegando razões médicas, embora estivesse
liberado pelos médicos que o operaram no Hospital Albert Einstein e o
assistiram na recuperação.
Um mês depois, estava em campo, na festa do Palmeiras
pela conquista do Campeonato Brasileiro, e tentou até carregar o técnico
Felipão, e apareceu com um menino montado nas suas contas.
Queiroz será cobrado pela movimentação atípica em sua
conta bancária, mas quem deve dar explicações é a família Bolsonaro.
Que poder tinha o motorista para receber tanto dinheiro
em sua conta?
Mas a família de Bolsonaro fugirá sempre das questões
mais delicadas, para continuar alimentando a farsa de que o pai sempre combateu
a corrupção.
Para que
a farsa não seja desmontada, o silêncio do ex-motorista vale ouro. Ele vai
assumir sozinho a conta pelo que, ao que tudo indica, representa desvio de
dinheiro público?
Ou é
normal que funcionários da Assembleia Legislativa lotados no gabinete de um
deputado estadual depositem dinheiro na conta de outro servidor?
Fonte:
DCM
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