As imagens se multiplicam na imprensa tradicional como
verdadeiros press releases oficiais de governo; se cobrar um centavo, a mídia
hegemônica divulga a imagem pré fabricada de um presidente-político que almeja
ser “querido” pelo povo do mesmo jeito que seu inimigo mais emblemático, o
ex-presidente Lula; as cenas de Bolsonaro lavando roupa chocam pela docilidade e
passividade com que a imprensa trata uma óbvia estratégia de marketing; é o
conluio passivo e espontâneo entre dois campos de poder que se namoram à
distância, negando-se a si: bolsonarismo e mídia corporativa
247 - As imagens se multiplicam
na imprensa tradicional como verdadeiros press releases oficiais de governo. Se
cobrar um centavo, a mídia hegemônica divulga a imagem pré fabricada de um
presidente-político que almeja ser “querido” pelo povo do mesmo jeito que seu
inimigo mais emblemático, o ex-presidente Lula. As cenas de Bolsonaro lavando
roupa chocam pela docilidade e passividade com que a imprensa trata uma óbvia
estratégia de marketing. É o conluio passivo e espontâneo entre dois campos de
poder que se namoram à distância, negando-se a si: bolsonarismo e mídia
corporativa.
O
uso das imagens cirurgicamente captadas pela assessoria do presidente eleito
para dar a impressão de um cidadão de hábitos simples e modestos, em clonagem
artificial e escandalosa da iconografia consagrada e histórica de Lula,
impressionam também pela artificialidade e pela ostensividade.
Praticamente,
a toda semana, a assessoria de Bolsonaro desova fotos supostamente espontâneas,
com problemas de iluminação e enquadramento, para dar a impressão não só de uma
“vida simples”, como também do “acaso” acidental do registro.
Um
“acaso” que se repete com impressionante regularidade há mais um ano, quando
desde então foram divulgadas fotos do ex-capitão da PM tomando café em mesa
suja e sem toalha, salgando churrasco e exibindo cenários toscos de
transmissões de lives para deliberadamente dar a entender que o que se tem é um
cidadão simples que, não obstante, tornou-se presidente da república.
O
custo de tal operação agressiva de marketing, a despeito de toda a sua
precariedade aparente, não sugere algo singelo como um troco de pinga. Há
profundo domínio semiótico das representações políticas nesse protocolo
iconográfico casado com ações de arregimentação de “soldados” virtuais, os
famosos ‘bots’ de Bolsonaro.
A
rigor, o que poder-se-ia esperar é que, ao menos, nas fotos descontraídas com o
ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, acusado de fazer
movimentações suspeitas em contas bancárias pelo Coaf, a “leveza” simplória de
um político que deseja ser popular a qualquer custo fosse também destacada pela
imprensa tradicional.
Em
tempo: a foto em que Bolsonaro emerge sem camisa ao lado de Fabrício Queiroz
evoca a mesma simplicidade tacanha de quem consagra profunda indiferença ao
contribuinte-eleitor, que gostaria de saber, afinal de contas, “onde está o
Queiroz”.
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