Enquanto um general quer punição, outro alardeia inocência no
esquema do clã Bolsonaro; o general Augusto Heleno, futuro ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional, inocentou por completo Jair Bolsonaro em
entrevista veiculada na madrugada desta quinta-feira; horas antes, fora
veiculada entrevista com o general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito,
havia defendido a investigação do caso e a punição dos envolvidos e
qualificado a operação de "burrice ao cubo"
247 - Enquanto um general quer punição, outro
alardeia inocência no esquema do clã Bolsonaro. O general Augusto Heleno,
futuro ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), inocentou
por completo Jair Bolsonaro em entrevista veiculada na madrugada desta quinta-feira
(13) no programa Conversa com o Bial, da TV Globo. Horas antes, fora
veiculada entrevista com o general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito,
havia defendido a investigação do caso e a punição dos envolvidos e
qualificado a operação de "burrice ao cubo" (aqui).
Heleno decretou a inocência de Bolsonaro: "O
presidente tá isento disso aí porque não teve participação. O que apareceu dele
é irrisório, uma quantia pequena, e ele mesmo já explicou". O
"irrisório" de Heleno envolve inicialmente R$ 1,2 milhão, soma que circulou
pela conta do PM Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flavio Bolsonaro, apenas em
2016, segundo o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf). Curiosamente, a soma é muito maior que os valores envolvidos, por
exemplo, no famoso processo contra Lula conhecido como "sítio de
Atibaia".
Na entrevista, segundo relato do jornalista João Paulo Nucci, de
O Estado de S.Paulo, obre a resolução do caso, o general disse estar
"aguardando os acontecimentos" e os esclarecimentos dos
"personagens principais" envolvidos -referindo-se ao PM Queiroz, e
não ao clã Bolsonaro. "Os responsáveis vão ter que assumir a culpa. Se
houver alguma penalidade, vão ser submetidos a essa penalidade", afirmou
Heleno.
Na entrevista à TV Globo, Heleno defendeu todo o
roteiro bolsonarista de combate aos direitos humanos, liberação de armas e o
direito ao fuzilamento de supostos em praça pública.
Ele comentou declaração recente sua, de que
"direitos humanos são basicamente para humanos direitos".
"Se eu tenho limitação em proporcionar
direitos humanos, e temos essas limitações, porque somos um país ainda economicamente
enfraquecido, moralmente enfraquecido, socialmente enfraquecido. Se eu tiver
que canalizar o meu esforço de proporcionar direitos humanos pra alguém, entre
o cidadão que trabalha, sai de casa às seis horas da manhã, volta às dez da
noite, encara um transporte público terrível, sofre todos os tipos de
limitações na sua vida diária... Ele tem muito mais direito a ser pleno de
direitos humanos do que um sujeito que é bandido, que está assaltando esse
sujeito o meio da rua", disse Heleno. "O que a gente reclama é que
muitas organizações de direitos humanos não vão no enterro do policial e vão
chorar no enterro do bandido. Isso é uma distorção dos direitos humanos."
Sobre o direito ao fuzilamento, de acordo com a
proposta do governado eleito do Rio, Wilson Witzel, disse que
"a ideia dessa regra de engajamento é dissuasória. Ou seja: eu quero
desencorajar o sujeito de andar no meio de uma população inocente, onde há
crianças, senhoras. Com que direito ele porta esse fuzil, debocha das forças
legais, quando aquilo é um alto risco para inocentes?" O raciocínio é
similar ao dos defensores da pena de morte, para quem o tamanho da ameaça teria
papel de redução no número de crimes -o que não acontece em países onde ela foi
adotada.
Ele usou mais ou menos a mesma linha de
argumentação para defender a liberação do uso e porte de armas. Heleno
disse que a restrição ao porte "não tem levado a nada", já que
ocorrem mais de 60 mil homicídios no Brasil por ano. O general ainda fez uma
analogia inusitada entre armas e automóveis, que também provocam milhares de
mortes todos os anos. "Automóvel é uma arma na mão de quem não está
habilitado. Vamos proibir o automóvel?"
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