Pelo menos 107 lugares na região Norte não têm interessados; a quatro dias do prazo final, metade dos profissionais inscritos ainda não se apresentou
Desde a saída dos 8.517 médicos cubanos do programa Mais
Médicos, por decisão do governo daquele país, após o presidente eleito Jair
Bolsonaro qualificar os profissionais como "escravos" de uma
"ditadura", regiões mais remotas do Brasil estão em situação crítica.
Apesar de o
governo Michel Temer ter lançado edital para preencher as vagas deixadas pelos
cubanos, e de ter recebido 36.222 inscrições de médicos brasileiros, apenas
4.322 haviam se apresentado para o trabalho, até a última sexta-feira (7). O
prazo final é o próximo dia 14.
No
entanto, em algumas áreas, mais afastadas dos grandes centros urbanos, a
situação é mais grave. Na região Norte, 106 vagas não foram ocupadas, informou
o Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (10). Os lugares remanescentes estão
distribuídos entre oito distritos indígenas e 19 municípios.
Segundo
o levantamento final, não houve interessados em um distrito indígena (Dsei) —
Médio Purus, no Amazonas — e em outros dois municípios: Terra Santa, no Pará, e
Castanheiras, em Rondônia.
Por
isso, a pasta publicou, também hoje, novo edital para a segunda etapa de
seleção. Desta vez, poderão se inscrever, a partir desta terça (11), médicos
com CRM no Brasil ou formados no exterior, mesmo sem revalidar o diploma.
Para
efetuar a inscrição, serão exigidos 17 documentos, entre eles o
reconhecimento da instituição de ensino pela representação do país onde os
profissionais obtiveram a formação.
"Não existem médicos; nem
brasileiros, nem cubanos. Não há nenhum tipo de atendimento médico",
declarou Jnna Andrade, voluntário do Conselho Indigenista Missionário, em
conversa com a Agência Efe.
No
leste do Estado, conta ele, a população tem de se deslocar até 80 km para ter
acesso à saúde básica, e até 400 km quando se trata de atendimento de urgência.
"Os moradores recebem cuidados paliativos provisórios e às vezes correm
risco de vida porque seguem doentes ou podem morrer", lamentou o
missionário.
Em
Alagoas, na região Nordeste, a situação não é diferente. Todas as 128 vagas
lançadas no concurso do Ministério da Saúde foram preenchidas mas, até agora,
apenas 28 médicos haviam se apresentado, até a semana passada.
O
portal G1, o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do
Amazonas, Januário Neto, classifica a situação da região como
"emergencial". "Ninguém quer vir aqui", destacou Neto, em
referência à centena de vagas que nenhum médico quis ocupar.
Fonte:
Notícias ao Minuto
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