domingo, 2 de dezembro de 2018

Fraude com CPF permitiu disparos no WhatsApp contra Haddad


O segundo capítulo do caixa dois eleitoral usado pela campanha de Jair Bolsonaro revela ainda mais um pouco do submundo dos ataques anti-PT e dos disparos em massa no WhatsApp que se instalaram no Brasil durante as eleições de 2018. Uma rede de empresas recorreu ao uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular e garantir o disparo de lotes de mensagens em benefício de Jair Bolsonaro, informam os jornalistas Artur Rodrigues e Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo
247 - O segundo capítulo do caixa dois eleitoral usado pela campanha de Jair Bolsonaro revela ainda mais um pouco do submundo dos ataques anti-PT e dos disparos em massa no WhatsApp que se instalaram no Brasil durante as eleições de 2018. Uma rede de empresas recorreu ao uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular e garantir o disparo de lotes de mensagens em benefício de Jair Bolsonaro, informam os jornalistas Artur Rodrigues e Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo.
A reportagem publicada no jornal destaca a empresa Yacows como elo entre as fraudes e a operação de disparos. Segundo a matéria, Hans River do Nascimento, ex-funcionário de uma dessas empresas de marketing envolvidas nas fraude de caixa dois eleitoral, entregou detalhes sobre o funcionamento do esquema e foi gravado em diversas vezes pela reportagem. 
Segundo os jornalistas Patrícia Campos Mello e Artur Rogrigues, "a Folha falou diversas vezes com (...) Hans River do Rio Nascimento (...). Nas primeiras conversas, ocorridas a partir de 19 de novembro e sempre gravadas, ele disse que não sabia quais campanhas se valeram da fraude, mas reafirmou o conteúdo dos autos e respondeu a perguntas feitas pela reportagem. No dia 25, ele mudou de ideia após fazer acordo com a antiga empregadora, registrado no processo. 'Pensei melhor, estou pedindo pra você retirar tudo que falei até agora, não contem mais comigo', disse, em mensagem de texto. Três dias antes, a Folha havia procurado a Yacows para solicitar esclarecimentos."
A matéria acrescenta: "as conversas gravadas e a ação que Nascimento move acrescentam detalhes ao esquema revelado pela Folha em outubro, quando reportagem mostrou que empresários pagaram para impulsionar mensagens anti-PT na disputa eleitoral. Após a publicação da reportagem, o WhatsApp bloqueou as contas ligadas às quatro agências de mídia citadas pela Folha por fazerem disparos em massa: Quickmobile, Croc Services, SMS Market e Yacows."
E prossegue na descrição do esquema: "Nascimento descreve a atuação de três agências coligadas: Yacows, Deep Marketing e Kiplix, que funcionam no mesmo endereço em Santana (zona norte de São Paulo) e pertencem aos irmãos Lindolfo Alves Neto e Flávia Alves. Nascimento esteve empregado pela Kiplix de 9 de agosto a 29 de setembro com salário de R$ 1.500."
Finalmente, a reportagem informa sobre a fraude no CPF: "segundo seu relato, as empresas cadastraram celulares com nomes, CPFs e datas de nascimento de pessoas que ignoravam o uso de seus dados. Ele enviou à reportagem uma relação de 10 mil nomes de pessoas nascidas de 1932 a 1953 (de 6 5 a 86 anos) que, afirma, era distribuída pela Yacows aos operadores de disparos de mensagens. Nascimento afirma que os dados utilizados sem autorização eram parte importante do esquema.


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