"Não estamos num situação de normalidade democrática. O
favorito às eleições foi arrancado delas e mantido preso com uma condenação
judicial escandalosamente dirigida e, com mais escândalo, mantido mudo, tanto
que até uma mera entrevista jornalística, apesar de autorizada judicialmente,
é-lhe negada há meses", lembra o editor do Tijolaço
Por
Fernando Brito, editor do Tijolaço – Vejo
muita gente boa reclamando da ausência do PT, PCdoB e PSOL na posse de Jair
Bolsonaro. Alguns, até, contraditoriamente, sugerem que se deveria ir com cartazes de
protesto.
Francamente, isso seria
portar-se da mesma forma que estes chatíssimos trolls fazem
nos blogs de esquerda, fazendo provocação e facilitando conflitos, desejados ou
não.
Aliás,
pelo exagero até com mísseis colocados em volta da Esplanada, parece que tudo o
que desejam é que confusões façam com que se acredite em tramas terroristas contra
o “Mito”.
Dia
1° a festa é deles, da extrema-direita, da intolerância, do ódio.
Ou
devemos ir celebrar a chegada ao poder de quem, não tem três meses, prometeu
“fuzilar a petralhada” e a nós outros, de esquerda, mandar para a cadeia, a
“ponta da praia” – apelido do lugar opositores da ditadura militar eram executados, na
Restinga de Marambaia – ou para o exílio?
Esqueçam-se,
porém, as ofensas pessoais.
Merece
aplausos e celebrações que promete arrebentar com os direitos trabalhistas,
franquear o acesso a armas, oprimir os professores, desmantelar o Estado?
Democracia
é respeitar o resultado eleitoral – coisa que, aliás, o PSDB não fez, quatro
anos atrás, sem merecer tais críticas – e não, como dizia minha avó, ir
“mostrar as canjicas” para o adversário que, desde sempre, fez questão de
mostrar que nos era inimigo mortal.
Além
do mais, a obrigação de engolir sapos e até brejos inteiros é de quem ocupa
cargos executivos, nos quais se tem o dever de representação de todos e não de
parte. Os cargos legislativos, os mandatos parlamentares, os partidos (como o
nome indica) são de parte e não da totalidade.
Não
estamos num situação de normalidade democrática. O favorito às eleições foi
arrancado delas e mantido preso com uma condenação judicial escandalosamente
dirigida e, com mais escândalo, mantido mudo, tanto que até uma mera entrevista
jornalística, apesar de autorizada judicialmente, é-lhe negada há meses.
Na
política, quando se perde a vergonha na cara, o relativismo passa a servir para
a indignidade.
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