Filho
do presidente foi chamado de infantil, e respondeu dizendo que colega tem fama
de louca
Divulgação e Câmara dos Deputados |
Filho de Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro
(SP) protagonizou nesta quinta-feira (6) um bate-boca acalorado no grupo de
WhatsApp que reúne a bancada do PSL, chegando a chamar de "sonsa" uma
colega de partido e a dizer que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), ameaça votar uma "pauta bomba" contra seu pai.
O principal alvo de Eduardo foi a deputada eleita Joice
Hasselmann (SP), que disputa a liderança do partido na Câmara e participa das
articulações da formação do novo governo.
A reportagem teve
acesso à conversa em que o filho do presidente eleito, que é líder da bancada,
acusa a deputada de "atropelar" os correligionários, a chama de
"sonsa" e diz que ela tem "fama de louca".
"Salta
aos olhos a intenção da Joice de ser líder [do partido] e assim como já
demonstrou na época da campanha ela atropela qualquer um que esteja à frente de
seus objetivos (...) Vamos começar o ano já rachados com olhar de desconfiança
e cheios de dúvidas", escreveu Eduardo no grupo.
"Joice,
sua fama já não é das melhores. A continuar assim vai chegar com fama ainda
maior de louca no Congresso. Favor não confundir humildade com subordinação.
Liderança é algo automático, não imposto", disse, em uma segunda mensagem.
A
deputada rebateu afirmando que o fato de o atual líder da bancada ser filho do
presidente é uma "vidraça" e pode prejudicar o partido.
"Qual
é o problema em eu ou qualquer outro deputado querer disputar a liderança??? O
fato de termos um deputado que também é filho do nosso presidente (por quem
trabalharei todos os dias) não nos exclui. Isso é democracia. Você é dentro do
partido um parlamentar que fez votação estrondosa com o sobrenome que tem. Eu
também fiz, sem sobrenome. Se quisermos ter 52 candidaturas podemos ter e
decidimos no voto e no debate, não por recadinhos infantis via Twitter.
Cresça", escreveu ela.
Joice
chegou a dizer que o filho do presidente eleito deveria se colocar em seu lugar
e insinuou que, em matéria de fama, a de Eduardo pode ser pior.
"Eduardo,
não admito nem te dou liberdade para falar assim comigo, ou escrever algo nesse
tom. Não te dei liberdade pessoal nenhuma, portanto, ponha-se no seu lugar.
Minhas discussões aqui são políticas e não pessoais. Se formos discutir a
questão 'fama', a coisa vai longe. Então não envergonhe o que seu pai
criou."
O
bate-boca entre os dois também incluiu a afirmação, por Joice, de que Eduardo
falha na liderança do partido na Câmara e que a articulação do PSL -sigla que
elegeu 52 dos 513 deputados- no Congresso está "abaixo da linha de
miséria".
"Como
o PSL está fora das articulações estou fazendo o quê aqui agora com o líder do
PR?", questiona Eduardo, negando que o partido esteja alheio às
negociações de outras siglas para formar um "blocão" e tentar
isolá-lo na próxima legislatura. "Ocorre que eu não preciso nem posso
ficar falando aos quatro cantos o que ando fazendo por ordem do presidente
[Bolsonaro]. Se eu botar a cara publicamente o (Rodrigo) Maia vai acelerar as
pautas-bombas no futuro governo."
Maia
é candidato à reeleição e é um dos líderes das conversas para formação do
blocão que isolaria PSL e PT. A intenção dessas siglas é excluir o partido de
Bolsonaro dos postos de comando na próxima legislatura. Não em sinal de
oposição, mas para que o novo governo não comece com força excessiva que reduza
o poder de barganha das siglas.
Vários parlamentares
saíram em defesa do filho de Bolsonaro no grupo do PSL.
"Como
não dei procuração e nem fui procurado pela senhora para que pudesse falar em
meu nome, mesmo que de forma indireta, não [frisou em caixa alta] lhe autorizo
usar o meu nome ou a minha condição de futuro parlamentar (mesmo que
indiretamente) para quaisquer representações", escreveu, por exemplo, o
deputado eleito Ubiratan Sanderson (RS).
Segundo
deputados ouvidos pela reportagem, a deputada eleita está isolada no partido,
apesar de ter a pretensão de disputar a liderança do governo.
Antes
de discutir com Eduardo, a deputada já havia protagonizado discussões com o
senador eleito Major Olímpio (SP) e a deputada eleita Carla Zambelli (SP).
Zambelli
questiona a futura colega de bancada a respeito de sua declaração de que havia
"grande possibilidade" de ser tornar líder do governo na Câmara.
Joice ataca a imprensa e diz que a afirmação, feita após reunião no CCBB
(Centro Cultural Banco do Brasil) na quarta-feira (5), é falsa.
"Conversa
fiada de imprensa", diz Joice. "Com aspas?", rebate Carla.
"Ué, você não conhece a imprensa? Achei que conhecia depois de tudo o que
o Jair passou", retruca a outra eleita.
A
reportagem tentou entrar em contato com Joice Hasselmann e Eduardo Bolsonaro,
mas não obteve resposta. Com informações da Folhapress.
Fonte: Notícias ao Minuto
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