José Dirceu é taxativo quanto ao governo Bolsonaro:
"Vamos deixar o Bolsonaro sentar na cadeira. Aquela cadeira queima; queima
aquela cadeira de presidente", disse Dirceu em entrevista ao jornalista
Marcelo Godoy; "Vamos fazer oposição conforme as propostas que ele fizer,
independentemente do fato de que somos oposição a ele já, pois temos concepções
diferentes de País, de vida, de tudo (...)", disse; para ele, versão de
que líderes do PT teriam enriquecido na política é falsa e que o que se
pretende é condenar o partido; o caso de Palocci, segundo ele, é único:
"Só tem o Palocci"
247 - Para o ex-ministro
José Dirceu, é preciso "deixar" que o presidente eleito Jair
Bolsonaro tome posse para só então delimitar a estratégia que será utilizada
pela oposição ao futuro governo. "Vamos deixar o Bolsonaro sentar na
cadeira. Aquela cadeira queima; queima aquela cadeira de presidente. Ele vai
ter de tomar várias decisões em janeiro e fevereiro", ressaltou Dirceu em
entrevista ao jornalista Marcelo Godoy, do jornal O Estado de S.Paulo.
"Não foi eleito? Vamos fazer oposição conforme as propostas que ele fizer,
independentemente do fato de que somos oposição a ele já, pois temos concepções
diferentes de País, de vida, de tudo (...)", completou.
Na
entrevista, o ex-ministro, defendeu a história e o legado do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, preso sem provas pela Lava Jato, junto ao PT. "O PT
e o Lula se confundem. O Lula tem um legado e domina 40 milhões de votos. O PT
não só tem de defender a liberdade do Lula e a inocência dele, como também o
legado dele", afirmou. Dirceu, que foi condenado a 41 anos de prisão pela
Lava Jato, destacou. Para ele, o PT errou ao não passar um "pente
fino" ao aprovar, no governo da presidente Dilma Rousseff, a lei das
delações premiadas "e não perceber que o modo aberto em que se deixou
várias questões permitia o que está acontecendo.
Para
Dirceu, a crise ética na política não deve ser
generalizada. "Você conhece os vereadores do PT? Os deputados, os
prefeitos? Alguém enriqueceu na política? A Luiza Erundina enriqueceu? O
(Fernando) Haddad? A Marta (Suplicy) enriqueceu na política? Não tem. Problema
de caixa 2 de eleição, relações com empresas, é uma coisa. "Uma coisa é a
responsabilidade nossa, dos dirigentes, pelo caixa 2, pela relação com as
empresas, pelo custo das campanhas. Outra coisa é o partido. Você não pode
condenar um partido", afirmou.
Leia
abaixo trechos da entrevista.
Quando o PT foi fundado, dizia-se que a vida de um militante seria
no mundo moderno um símbolo de que outra vida era possível. A crise ética do
PT, exposta na delação de Antonio Palocci, não leva descrédito à esperança de
que outro mundo é possível?
Você
conhece os vereadores do PT? Os deputados, os prefeitos? Alguém enriqueceu na
política? A Luiza Erundina enriqueceu? O (Fernando) Haddad? A Marta (Suplicy)
enriqueceu na política? Não tem. Problema de caixa 2 de eleição, relações com
empresas, é uma coisa; outra é enriquecimento pessoal e corrupção. Uma coisa é
a responsabilidade nossa, dos dirigentes, pelo caixa 2, pela relação com as
empresas, pelo custo das campanhas. Outra coisa é o partido. Você não pode
condenar um partido.
E o ex-ministro Antonio Palocci?
O
Palocci é o Palocci. Não tem outro. Só tem o Palocci. Ninguém mais delatou.
Quem que delatou mais? Ninguém. Aliás, estão presos só quem não delatou, porque
está todo mundo solto. São mais de 180 delatores soltos com seus patrimônios.
As empresas foram arruinadas. É o contrário no mundo, onde se protege as
empresas e se desapropria todos os bens dos responsáveis pelos atos ilícitos
das empresas. No Brasil, não. Aqui se fez o contrário. Toda a construção
política da Lava Jato é em cima das delações, e a maioria delas em cima do
terror psicológico.
É possível o PT convergir com forças da centro-direita?
Pode-se
convergir com outras forças em questões que são essenciais das liberdades
democráticas. Não fizemos isso na campanha das Diretas? Vamos deixar o Bolsonaro
sentar na cadeira. Aquela cadeira queima; queima aquela cadeira de presidente.
Ele vai ter de tomar várias decisões em janeiro e fevereiro. Ele vai
desvincular o salário mínimo da Previdência? Ele vai congelar o salários dos
servidores públicos? Vai revogar a tabela do frete, subsidiar o diesel? A vida
é dura. Que reforma da Previdência ele vai fazer? Ele vai realmente adotar sua
política externa? Ele vai descontingenciar, executar todo o orçamento das
Forças Armadas, da Segurança e da Justiça e vai contingenciar o orçamento da
Saúde e Educação? Ele vai desconstituir a Loas (Lei Orgânica da Assistência
Social)? Porque tem declarações muito contraditórias entre eles. Qual a
política dele? Deixa ele governar. Não foi eleito? Vamos fazer oposição conforme
as propostas que ele fizer, independentemente do fato de que somos oposição a
ele já, pois temos concepções diferentes de País, de vida, de tudo. Quero que
ele comece a governar, tomar decisões, porque senão fica parecendo que você
está torcendo para dar errado, né? Não estou torcendo para dar errado; só estou
dizendo que não vai dar certo. Não deu em outros países, não vai dar aqui.
Leia a íntegra da entrevista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário