Foto: Rodolfo Buhrer / Paraná Portal |
Nas alegações finais do processo em que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de receber indevidamente um
imóvel, em São Bernardo do Campo, além de um terreno destinado
ao Instituto Lula, como pagamento de propina pela Odebrecht, na Operação
Lava Jato, a defesa alega que o juiz federal Sérgio Moro teria agido para
prejudicar Lula e seus correligionários, como o cabeça de chapa Fernando
Haddad, deliberadamente visando o cargo de ministro no governo adversário.
Hoje, após visita a Bolsonaro, o magistrado aceitou
o convite e vai comandar o superministério da Justiça, que irá integrar o
atual Ministério da Justiça e da Segurança Pública, além da Controladoria-Geral
da União e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, atualmente sob
comando da Fazenda.
“Não bastasse ter agido para prejudicar o
Defendente e seus correligionários na disputa eleitoral, o Juiz do processo,
abandonando de vez qualquer aparência de imparcialidade, está flertando com a
possibilidade de integrar o futuro governo do Presidente da República eleito.
[…] Era de se esperar que o Magistrado recusasse expressamente o convite,
ao menos para manter as aparências de que este processo não se trata de
um jogo de cartas marcadas. Não o fez”, dizem os advogados do
ex-presidente.
Após o convite de Bolsonaro, o seu vice, General
Hamilton Mourão, afirmou publicamente que o magistrado havia sido procurado por
Paulo Guedes, nome confirmado como futuro ministro da Economia no governo de
Bolsonaro, ainda durante a campanha, para fazer parte do governo se eleito.
No documento, de mais de 600 páginas, as defesa do
ex-presidente também menciona uma série de ações do magistrado que teriam sido
planejadas para prejudicar Haddad durante a corrida eleitoral e até mesmo antes
dela, quando Lula despontava como favorito em pesquisas de intenção de voto.
Entre as ações que prejudicaram Lula e Haddad
estariam “diversas medidas ilegais e arbitrárias contra o Defendente com o
objetivo de promover o desgaste da sua imagem e da sua reputação”, autorização
de interceptação do principal ramal de um dos
escritórios de advocacia que defendem Lula; participação de Moro em diversos eventos promovidos por
adversários políticos de Lula, alguns apoiados por Bolsonaro;
a decisão de Moro, que mesmo estando em férias, atuou
para que “fosse negado cumprimento a uma decisão proferida por
um Desembargador Federal para colocar o Defendente em liberdade em razão
da sua condição de pré-candidato a Presidente da República”; e
o levantamento de sigilo da trechos da delação de
Antonio Palocci na véspera do primeiro turno, visando
um “impacto na disputa eleitoral”.
Em nota enviada à imprensa, o magistrado declarou
que deve deixar a toga em breve e conceder uma coletiva de imprensa nas
próximas semanas.
“Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser
nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Publica na próxima gestão. Apos
reunião pessoal na qual foram discutidas politicas para a pasta, aceitei o
honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de
magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda
anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos
direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na pratica, significa consolidar os
avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de
retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguira em Curitiba com os
valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias
desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima
semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes”, diz a nota na
íntegra.
Fonte:
Paranaportal
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