Foto: Sérgio Francês / PSB na Câmara |
Escolhida para assumir o Ministério da Agricultura
de Jair Bolsonaro, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) admitiu, nesta
quinta-feira (8), ter negócios com o grupo JBS, mas negou haver conflito de
interesses.
“Eu tenho uma propriedade, um condomínio com meus
irmãos, sou inventariante e minha família arrenda um confinamento para a JBS,
que é do lado da nossa propriedade. Isso há muitos anos”, disse. Cristina
afirmou que tem participação de um quinto na propriedade arrendada ao grupo.
Ela, porém, negou conflito de interesses e disse não haver desconforto em
assumir o ministério.
“Só se eu fizesse alguma coisa escondida. Está tudo
dentro da lei, com contrato assinado, não vejo nenhum problema. Se o presidente
me perguntar, estão lá os documentos.” A deputada também admitiu ter recebido,
indiretamente, recursos do frigorífico. “Eu não tive doação da JBS direta
para mim, foi via, se não me engano, dois parlamentares do meu Estado. Não
tenho problema. Tenho tranquilidade, as doações são legais”, afirmou.
A indicação da futura ministra foi feita na quarta,
após encontro de Bolsonaro com deputados da FPA (Frente Parlamentar da
Agropecuária), presidida por ela. Ela deve ter uma conversa com o
presidente eleito nesta quinta, mas o horário ainda não foi confirmado.
“Acho que é hora de pensar, de ver as sugestões.
Preciso conversar com o presidente ainda. Estou esperando ele me chamar para
entender o que ele quer nessa nova metodologia de reestruturação de
ministérios. Saber o que mais vem para a Agricultura. A pesca, que está na Casa
Civil, a área de agricultura familiar”, afirmou.
A ministra disse ter dúvida sobre a promessa feita
por Bolsonaro de tipificar como terrorismo movimentos como o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra). “Eu tenho um pouco de dúvida, já temos leis
para isso, precisa ser discutida com o juiz Sérgio Moro. Ele já deu a opinião
dele e o Congresso tem leis para isso. Acho que está cedo. A gente tem essa
transição para poder alinhar”, afirmou.
O juiz Sergio Moro, que assumirá o Ministério da
Justiça, já se demonstrou contrário à tipificação de terrorismo, divergindo de
Bolsonaro. A futura ministra disse que também vai conversar com o atual
dirigente da pasta, Blairo Maggi, sobre o trabalho que pretende fazer.
“O que os produtores esperam é segurança jurídica,
defesa da propriedade e ministério mais moderno, mais acordos comerciais.
Preciso conversar com o ministro Blairo. Preciso me inteirar mais. Hoje a
agricultura e a pecuária brasileira são o motor, o carro chefe da nossa
economia. Precisamos ver o que mais está faltando para que esse motor seja mais
acionado, porque capacidade de produção os produtores brasileiros têm”,
afirmou.
Ela definiu como muito boa a relação com o
Ministério do Meio Ambiente e disse que o produtor rural é ‘preservador’.
A fusão de Agricultura e Meio Ambiente era promessa de campanha de Bolsonaro,
mas ele recuou da medida após críticas de ruralistas e ambientalistas, e as
pastas deve ser separadas.
“É uma escolha exclusivamente do presidente da
República. Se eu for perguntada, posso sugerir pessoas que eu acho que têm
gabarito para isso”, respondeu sobre a possibilidade de ela ajudar a escolher o
ministro do Meio Ambiente. “Produção sustentável, é isso que a gente precisa.
Diminuir a indústria de multa, o presidente tem dito isso sempre.”
Fonte:
Paraná Portal
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