O diplomata Nélson Ernesto Araújo, futuro ministro das
Relações Exteriores do governo Bolsonaro, escreveu artigo publicado no começo
da noite desta segunda-feira no qual ataca o marxismo, o PT, as universidades,
a mídia, as "ideias anticristãs" e mais "o alarmismo
climático, o terceiro-mundismo automático, a adesão às pautas abortistas";
o Itamaraty foi duramente criticado e até a própria Organização das Nações
Unidas (ONU), fórum por excelência da diplomacia mundial
247 - O diplomata Nélson Ernesto Araújo, futuro ministro das
Relações Exteriores do governo Bolsonaro, escreveu artigo publicado no começo
da noite desta segunda-feira (26) no qual ataca o marxismo, o PT, as
universidades, a mídia, as "ideias anticristãs" e mais
"o alarmismo climático, o terceiro-mundismo automático, a adesão às
pautas abortistas". O Itamaraty foi duramente criticado e até a
própria Organização das Nações Unidas (ONU), fórum por excelência da diplomacia
mundial
No texto,
publicado no jornal Gazeta do Povo (aqui) ele reagiu de maneira agressiva às
críticas ao anúncio de seu nome, em 14 de novembro. A reação no Itamaraty foi
de escândalo pelo fato sem precedentes de um diplomata júnior ser alçado à
condição de ministro das Relações Exteriores. Araújo foi promovido há poucos
meses a ministro de primeira classe e chefia o Departamento de Estados
Unidos e Canadá, um cargo de terceiro escalão. "Algumas pessoas gostariam
que Jair Bolsonaro tivesse escolhido um chanceler que saísse pelo mundo pedindo
desculpas. Jornalistas estão escandalizados, colegas diplomatas estão
revoltados" -escreveu na abertura do artigo.
Segundo
o futuro chanceler, sua meta é extirpar das relações internacionais brasileiras
"a ideologia do PT", o que incluiria acabar com a "transferência
brutal de poder econômico em favor de países não democráticos e
marxistas", como a Venezuela -desconsiderando que a política externa
brasileira é de Estado, e não de governo e que mantinha uma consistência
histórica desde a década de 1970, interrompida apenas pelo golpe de 2016.
Depois
de afirmar que "no idioma da ONU é impossível traduzir palavras como amor,
fé e patriotismo", Araújo defendeu um "mandato popular" no
Itamaraty, sinalizando uma ideologização sem precedentes nas relações
internacionais do Brasil. O ataque à ONU está em linha com aquela que é a
grande referência global do futuro governo, o presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, que ataca as Nações Unidas com grande frequência.
"Você
se satisfaz com o que escutou de sua professora de História numa aula do ensino
médio, nunca mais estudou nada sobre marxismo ou qualquer outra corrente
ideológica, e agora vem pontificar e tentar me dizer o que é ou o que não é
ideologia? Os marxistas culturais de hoje dizem que o 'marxismo cultural' não
existe e você acredita, simplesmente porque não tem os elementos de juízo e o
conhecimento necessário", escreveu o futuro ministro, deixando mais uma
vez claro que chegará ao Itamaraty disposto a causar crises, em vez de
aplacá-las.
Araújo
critica que a ideologia marxista tenha penetrado "insidiosamente na
cultura e no comportamento, nas relações internacionais, na família e em toda
parte", com o objetivo de controle social.
Há um
aspecto particularmente grave no artigo, pois o futuro ministro indicou de
maneira mais ou menos explícita que haverá uma caça às bruxas e um tempo
inédito de perseguições políticas no Itamaraty: "Se você repudia a
'ideologia do PT', mas não sabe o que ela é, desculpe, mas você não está
capacitado para combatê-la e retirá-la do Itamaraty ou de onde quer que seja.
Ao contrário, você está ajudando a perpetuá-la sob novas formas. Se a
prioridade é extrair a ideologia de dentro do Itamaraty, não lhe parece
conveniente ter um chanceler capaz de compreender a ideologia que existe dentro
do Itamaraty?".
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