"Desde a fundação, em 1980, o PT polarizou, sim: contra
a fome, a miséria, a injustiça social, a desigualdade, o atraso, o desemprego,
o latifúndio, o preconceito, a discriminação, a submissão do país às
oligarquias, ao capital financeiro e aos interesses estrangeiros", escreve
o ex-presidente Lula, em carta publicada no Jornal do Brasil, em que lembra o
papel dos golpistas na gênese do fascismo. "Foram eles que criaram essa
ameaça à democracia e à civilização. Assumam a responsabilidade pelo que
fizeram contra o povo, contra os trabalhadores, a democracia e a soberania
nacional. Mas não venham pregar uma alternativa eleitoral 'ao centro', como se
não fossem os responsáveis, em conluio com a Rede Globo, pelo despertar da barbárie",
afirma. Lula pede voto em Fernando Haddad e diz que a democracia vencerá o ódio
247 – "Desde
a fundação, em 1980, o PT polarizou, sim: contra a fome, a miséria, a injustiça
social, a desigualdade, o atraso, o desemprego, o latifúndio, o preconceito, a
discriminação, a submissão do país às oligarquias, ao capital financeiro e aos
interesses estrangeiros", escreve o ex-presidente Lula, em carta publicada
no Jornal do Brasil, em que lembra o papel dos golpistas na gênese do fascismo.
"Foram eles que criaram essa ameaça à democracia e à civilização. Assumam
a responsabilidade pelo que fizeram contra o povo, contra os trabalhadores, a
democracia e a soberania nacional. Mas não venham pregar uma alternativa
eleitoral 'ao centro', como se não fossem os responsáveis, em conluio com a
Rede Globo, pelo despertar da barbárie", afirma. Lula pede voto em
Fernando Haddad e diz que a democracia vencerá o ódio.
Leia, abaixo, a íntegra:
‘Só o voto do povo pode salvar
o Brasil’
Por Luiz Inácio Lula da Silva,
no Jornal do Brasil
O Brasil está muito perto de
decidir, mais uma vez, pelo voto soberano do povo, entre dois projetos de país:
o que promove o desenvolvimento com inclusão social e aquele em que a visão de
desenvolvimento econômico é sempre para tornar os ricos mais ricos e os pobres
mais pobres. O primeiro projeto foi aprovado pela maioria nas quatro últimas
eleições presidenciais. O segundo foi imposto por um golpe parlamentar e
midiático travestido de impeachment.
Esta é a verdadeira disputa nas
eleições de 7 de outubro. Foi por essa razão que meu nome cresceu nas
pesquisas, pois o povo compreendeu que o modelo imposto pelo golpe está errado
e precisa mudar. Cassaram minha candidatura, de forma arbitrária, para impedir
a livre expressão popular.
Mas é também pela existência de
dois projetos em disputa que a candidatura de Fernando Haddad vem crescendo, na
medida em que vai sendo identificada com nossas ideias.
Com alguma perplexidade, mas
sem grande surpresa, vejo lideranças políticas e analistas da imprensa dizerem
que o Brasil estaria dividido entre dois polos ideológicos. E que o país
deveria buscar uma opção “de centro”, como se a opção pelo PT fosse
“extremista”. Além de falsa e, em certos casos, hipócrita, é uma leitura
oportunista, que visa confundir o eleitor e falsear o que está realmente em
jogo.
Desde a fundação, em 1980, o PT
polarizou, sim: contra a fome, a miséria, a injustiça social, a desigualdade, o
atraso, o desemprego, o latifúndio, o preconceito, a discriminação, a submissão
do país às oligarquias, ao capital financeiro e aos interesses estrangeiros.
Foi lutando nesse campo, ao lado do povo, da democracia e dos interesses
nacionais, que nos credenciamos a governar o país pelo voto; jamais pelo golpe.
O povo brasileiro não tem
nenhuma dúvida sobre de que lado o PT sempre esteve, seja na oposição ou seja
nos anos em que governamos o país. A sociedade não tem nenhuma dúvida quanto ao
compromisso do PT com a democracia. Nascemos lutando por ela, quando a ditadura
impunha a tortura, o arrocho dos salários e a perseguição aos trabalhadores.
Fomos às ruas pelas diretas e fizemos a Constituinte avançar. Governamos com
diálogo e participação social, num ambiente de paz.
A força eleitoral do PT está
lastreada nessa trajetória de compromisso com o povo, a democracia e o Brasil;
nas transformações que realizamos para superar a fome e a miséria, para
oferecer oportunidades a quem nunca as teve, para provar que é possível
governar para todos e não apenas para uma parcela de privilegiados, promovendo
a maior ascensão social de todos os tempos, o maior crescimento econômico em
décadas e a soberania do país.
Foi o povo que nos trouxe até
aqui, apesar de todas as perseguições, para que se possa reverter o golpe e
retomar o caminho da esperança nestas eleições. Se fecharam as portas à minha
candidatura, abrimos outra com Fernando Haddad. É o povo que põe em xeque o
projeto ultraliberal, e isso não estava no cálculo dos golpistas.
São eles o outro polo nestas
eleições, qualquer que seja o nome de seu candidato, inclusive aquele que não
ousam dizer. Já atenderam pelo nome de Aécio Neves, esse mesmo que hoje querem
esconder. Tentaram um animador de auditório, um justiceiro e um aventureiro;
restou-lhes um candidato sem votos. O nome deles poderá vir a ser o da serpente
fascista, chocada no ninho do ódio, da violência e da mentira.
Foram eles que criaram essa
ameaça à democracia e à civilização. Assumam a responsabilidade pelo que
fizeram contra o povo, contra os trabalhadores, a democracia e a soberania
nacional. Mas não venham pregar uma alternativa eleitoral “ao centro”, como se
não fossem os responsáveis, em conluio com a Rede Globo, pelo despertar da
barbárie. Escrevo este artigo para o “Jornal do Brasil” porque é um veículo que
vem praticando a democracia e a pluralidade.
Quem flerta com a barbárie
cultiva o extremismo. Quem luta contra ela nada tem de extremista. Tem
compromisso com o povo, com o país e com a civilização. Na disputa entre
civilização e barbárie, deve-se escolher um lado. Não dá pra ficar em cima do
muro.
Em outubro teremos a
oportunidade de resgatar a democracia outra vez, encerrando um dos períodos
mais vergonhosos da história e dos mais sofridos para a nossa gente. Estou
seguro de que estaremos juntos a todos os que lutaram pela conquista da
democracia a duras penas e com grande sacrifício. E estaremos juntos às
mulheres que não aceitam a submissão, aos negros, indígenas e a todos e todas
que sofreram ao longo de séculos a discriminação e o preconceito.
Estaremos juntos, todos os que,
independentemente de diferenças políticas e trajetórias distintas, têm
sensibilidade social e convicções democráticas.
Será uma batalha difícil, como poucas.
Mas estou certo de que a democracia será vitoriosa. De minha parte, estarei
onde sempre estive: ao lado do povo, sem ilusões nem vacilações. Com amor pelo
Brasil e compromisso com o povo, a paz, a democracia e a justiça social.
Ex-presidente da República e
presidente de honra do Partido dos Trabalhadores
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