Apesar dos dados do TSE apontarem que a maior parte dos
recursos da campanha do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) vem
de uma vaquinha virtual, que arrecadou R$ 904.558,00, valor quase três vezes
maior que os R$ 334.750,24 repassado pelo seu partido, o professor e
filósofo Paulo Ghiraldelli, diz que os verdadeiros financiadores são "o
minério, a indústria da bala e os parlamentares que os representam, associados
aos ruralistas, mais a indústria da fé"; "Nunca forças tao
retrógradas conseguiram fazer um candidato", ressalta
Rede Brasil Atual - O debate moral
ganhou as ruas e as redes sociais nas eleições de 2018. A exploração de
aspectos morais do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL)
para atacá-lo ou defende-lo tornou-se mais intensa a partir do movimento
#EleNão, que levou milhares de pessoas às ruas no último sábado em várias
cidades do Brasil e do Exterior.
Esses aspectos, que pela primeira vez dão o ritmo à campanha eleitoral, estão
longe de ser os mais importantes e ofuscam o que realmente interessa: quem
financia Bolsonaro, que mantém uma máquina milionária de cooptação de adeptos
através de um exército incomensurável atuante nas redes sociais tendo como
principal matéria prima as mentira - tanto sobre ele próprio quanto sobre o
principal adversário?
Se
Bolsonaro "critica" tanto a mídia, sobretudo a Globo, por que essa
mesma mídia – movida a interesses empresariais – o adota como preferido e
oferece a ele um noticiário tão favorável a poucos dias da eleição, quanto desfavorável
a Fernando Haddad?
No The
Intercept Brasil: As empresas e processos que o coordenador da campanha de
Bolsonaro esconde
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maior parte dos
recursos da campanha vem de uma vaquinha virtual feita entre seus fãs e
apoiadores, que arrecadou R$ 904.558,00, valor quase três vezes maior que os R$
334.750,24 repassado pelo seu partido.
Mas
segundo o filósofo, professor e escritor Paulo Ghiraldelli, em vídeo divulgado
em seu perfil no Facebook (confira abaixo), não é o financiamento coletivo de
eleitores que está pagando a campanha do candidato.
"O
Brasil não é como os Estados Unidos, onde a população coloca dinheiro no chapéu
de candidatos. Aqui é gente rica que troca favores com os políticos claramente".
Para
Ghiraldelli, a disputa está entre grupos que aceitam o Brasil capitalista
moderno e os que querem um Brasil predatório, arcaico, que precisa conviver com
leis escravistas. "O minério, a indústria da bala e os parlamentares que
os representam, associados aos ruralistas, mais a indústria da fé, simbolizam o
Brasil arcaico, que não pensa, do analfabetismo, que pertence ao campo. Reparem
como aumentou o tamanho da bancada da bala, do boi e da Bíblia. Não há
possibilidade de campanha nacional sem dinheiro".
Segundo
o filósofo, o dinheiro está vindo exatamente desses setores. "Se Bolsonaro
for eleito, ele vai levar esse país para um grau de violência no campo e
deterioração ecológica que vamos levar muitas gerações para recuperar, se é que
vamos recuperar", adverte.
Fim do 13º
A
preocupação de Bolsonaro com a repercussão da fala de seu vice General Hamilton
Mourão (PRTB) a empresários, defendendo o fim do 13º salário, reforça a opinião
do filósofo.
Mourão
se dirigia a patrões de diversos setores, como a mineração, a indústria de
armamentos, agronegócio e as igrejas, segundo ele. "A mineração é um grupo
forte, grande, com vínculos internacionais. O que se quer é pegar terra
indígena para mineração. O grupo da bala, dos armamentistas, associados aos ruralistas,
que querem afrouxar a legislação ambientalista, deixar armar a população de
patrões do campo. E o terceiro grupo econômico é formado pelos pastores. Igreja
é local de lavagem de dinheiro, com associação ao tráfico e aos políticos,
outro lobby de muita gente com grana que está apostando no Bolsonaro".
Para
Ghiraldelli, esses três grupos representam a parte mais atrasada, que trabalha
pela exploração, sem perspectiva de futuro e que querem o comando do país por
meio da exploração da fé, da terra e da vida.
"Nunca
forças tao retrógradas conseguiram fazer um candidato. Elas sempre foram na
rabeira, como a Fiesp, os banqueiros. Agora se desprenderam das forças urbanas
e estão com o próprio candidato. Deram sorte de esse candidato se envolver em
uma discussão moral – o #EleNão – que esconde uma discussão trabalhista, no
campo, sobre o minério, como a indústria armamentista cresceu assustadoramente,
que quer o controle do governo que tem exérito e polícia para fazer compra
estatal."
Financiadores oficiais
Segundo
os dados do TSE, há doações de R$ 30 mil do empresário do agronegócio Takashi
Nishimori. A reportagem não conseguiu apurar se há parentesco com o deputado
ruralista Luiz Nishimori (PR-PR), relator do Pacote do Veneno na comissão
especial da Câmara.
Há outros
R$ 10 mil do advogado Gustavo Bebbiano Rocha, sócio da também advogada Marianna
Fux, filha do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, R$ 25 mil de Meyer
Joseph Nigri, da Tecnisa Engenharia, R$ 20 mil de Afrânio Barreira Filho, dono
da rede de restaurantes Coco Bambu, e R$ 20 mil do sócio de Afrânio, Eugênio
Veras Vieira.
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