Candidato do PT a presidente, Fernando Haddad divulgou nesta
quarta-feira (17) uma carta aberta direcionadas aos religiosos do País, expondo
seus propósitos e alertando para os riscos da violência e da intolerância;
"Quero governar o Brasil com diálogo e democracia, com a participação de
todos e todas que se disponham a doar de seu tempo e talentos na construção do
bem comum", diz Haddad; "A vocês, peço justiça, a justa apreciação de
meus propósitos e o voto para concretizar essas intenções num governo que traga
o Brasil aos caminhos da justiça, da concórdia e da paz"
247 - O candidato
do PT a presidente, Fernando Haddad divulgou nesta quarta-feira (17) uma carta
aberta direcionadas aos religiosos do País, alertando para os riscos da
intolerância e da violência, representados pela candidatura de extrema-direita
de Jair Bolsonaro (PSL).
"Desde
as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão
contra candidatos do PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto, incesto,
fechamento de Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo o que
atribuem ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma. As peças
veiculadas, de baixo nível, agridem a inteligência das pessoas de boa vontade,
que não se movem pelo ódio e pela descrença", diz Haddad.
"Quero
governar o Brasil com diálogo e democracia, com a participação de todos e todas
que se disponham a doar de seu tempo e talentos na construção do bem comum.
(...) E a vocês, peço justiça, a justa apreciação de meus propósitos e o voto
para concretizar essas intenções num governo que traga o Brasil aos caminhos da
justiça, da concórdia e da paz", afirma o candidato petista.
Leia,
abaixo, a carta na íntegra:
Carta aberta ao Povo de Deus
Queridos
irmãos, queridas irmãs,
O
Senhor odeia os lábios mentirosos,
mas se
deleita com os que falam a verdade.
Provérbios
12:22
Quero
me dirigir diretamente ao povo evangélico neste momento tão decisivo da vida de
nosso Brasil, cujo futuro será decidido democraticamente nas urnas do próximo
dia 28.
Para
estar no segundo turno, tive que vencer uma agressiva campanha baseada em
mentiras, preconceitos e especulações massivamente espalhadas pelo Whatsapp e
outras redes sociais, contra mim e minha família.
"Estas
seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos,
língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina
pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha
falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos."
(Provérbios 6:16-19)
Desde
as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão
contra candidatos do PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto, incesto,
fechamento de Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo o que
atribuem ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma. As peças veiculadas,
de baixo nível, agridem a inteligência das pessoas de boa vontade, que não se
movem pelo ódio e pela descrença.
"Ó
Deus, a quem louvo, não fiques indiferente, pois homens ímpios e falsos, dizem
calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito." (Salmos 109:1-2).
Que provas tenho a oferecer para desmentir quem usa meios tão baixos para
enganar, fraudar a vontade popular?
Minha
vida, em primeiro lugar: sou cristão, venho de família religiosa desde meu avô,
que trouxe sua fé do Líbano quando migrou para o Brasil para construir vida
melhor para sua família. Sou casado há 30 anos com a mesma mulher, Ana Estela,
minha companheira de jornada que criou comigo dois filhos, nos valores que
aprendemos com nossos pais. Sou professor, passaram por minhas mãos milhares de
jovens com os quais aprendi e ensinei meus sonhos de um Brasil digno e
soberano.
Minha
vida pública, em segundo lugar: minha atuação, como Ministro da Educação e como
Prefeito de São Paulo, fala por mim. Abri as portas da educação para os mais
pobres, das creches – nas quais o governo federal passou a investir pesadamente
em minha gestão – à Universidade. Antes do Pro-Uni, do FIES sem fiador, do
ENEM, da criação de vagas em instituições públicas e gratuitas de ensino e das
cotas raciais, o ensino superior era inacessível para jovens negros,
trabalhadores e da periferia. Busquei humanizar a metrópole que me foi
confiada, buscando inovações para ampliar os direitos, à moradia, à mobilidade
urbana, ao meio ambiente sadio, à convivência fraterna.
Sempre
contei, no MEC ou na Prefeitura de São Paulo, com a parceria com todas as
denominações religiosas. Tratei a todas de forma igualitária. Os governos Lula
e Dilma, bem como nossos governos estaduais e municipais, sempre reconheceram
dois pilares do Estado democrático: é laico e, como tal, não privilegia nem
discrimina ninguém em razão de sua religiosidade. Nenhuma Igreja foi
perseguida, o direito de culto sempre foi assegurado, a liberdade de expressão
também. Nenhum dos nossos governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes
pelas quais nos atacam: a legalização do aborto, o kit gay, a taxação de
templos, a proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças e
outras propostas, pelas quais nos acusam desde 1989, nunca foram efetivadas em
tantos anos de governo. Também não constam de meu programa de governo.
"Acautelai-vos
quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas,
mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis.
É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas?
Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos
ruins." (Mateus 7:15-17).
Os
frutos que quero legar ao Brasil como Presidente são a justiça e a paz. Emprego
para milhões de desempregados e desempregadas poderem sustentar com dignidade
suas famílias. Salário justo, com direitos que foram eliminados pelo atual
governo e que serão trazidos de volta com a anulação da reforma trabalhista, e
o direito à aposentadoria, ameaçado pela reforma da Previdência apoiada pelo
atual governo e meu adversário. "Aprendei a fazer o bem; procurai o que é
justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das
viúvas." (Isaías 1:17)
Quero
governar o Brasil com diálogo e democracia, com a participação de todos e todas
que se disponham a doar de seu tempo e talentos na construção do bem comum. Um
governo que promova a cultura da paz, que impeça a violência, que nunca use da
tortura e da guerra civil como bandeiras políticas. Que una novamente a Nação
brasileira, para que volte a ser vista com esperança pelos mais pobres e com
respeito pela comunidade internacional.
Apresento-me,
pois, diante dos irmãos e irmãs das mais variadas denominações cristãs, com a
sinceridade e honestidade que sempre presidiram minha vida e meus atos. A Deus,
clamo como o salmista: "guia-me com a tua verdade e ensina-me, pois tu és
Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em ti o tempo todo." (Salmos
25:5). E a vocês, peço justiça, a justa apreciação de meus propósitos e o voto
para concretizar essas intenções num governo que traga o Brasil aos caminhos da
justiça, da concórdia e da paz.
Fernando Haddad
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