quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Centrais sindicais declaram apoio a Haddad


As principais centrais sindicais brasileiras formalizaram apoio ao candidato do campo democrático à Presidência da República, Fernando Haddad, no segundo turno; de Haddad, eles esperam compromisso com a manutenção de direitos e um programa que contemple desenvolvimento com distribuição de renda; segundo o documento, a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), "privilegia o mercado financeiro sobre qualquer outro setor da sociedade" e tem "flagrante" intenção de suprimir direitos"
Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual As principais centrais sindicais brasileiras formalizaram nesta quarta-feira (10) apoio ao candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, juntando no mesmo campo dirigentes que apoiaram pelo menos três outros nomes no primeiro turno das eleições 2018. Do petista, eles esperam compromisso com a manutenção de direitos, incluindo a revogação da "reforma" trabalhista e da Emenda Constitucional 95 (de congelamento de gastos públicos), e um programa que contemple desenvolvimento com distribuição de renda.
Segundo documento assinado por sete centrais e entregue a Haddad (confira no final) durante reunião em São Paulo, o outro candidato, Jair Bolsonaro (PSL), "privilegia o mercado financeiro sobre qualquer outro setor da sociedade" e tem "flagrante" intenção de suprimir direitos.
"É o candidato dos patrões, da Fiesp, de Temer, porque ele votou em todas as propostas de retirada de direitos. É contra a existência de sindicatos e de movimento sindical representativo e é defendido por toda a classe patronal do Brasil. É o candidato do capital financeiro, do agronegócio", disse o presidente da CUT, Vagner Freitas.
O dirigente afirmou que, com Haddad, haverá garantia de interlocução com o movimento sindical, além de manutenção de políticas como a da valorização do salário mínimo. "A agenda do segundo turno é dos direitos sociais, civis. É a eleição de nossas vidas."
Haddad afirmou que o país vive retrocessos trabalhistas e sociais há dois anos, desde o impeachment, com a posse de Michel Temer. "É uma contradição nosso adversário dizer que vai manter todas as medidas do governo Temer e vai oferecer mais. Não é cortando direitos históricos da classe trabalhadora que vamos contribuir para o crescimento", acrescentando, repetindo frase que tem se tornando bordão da campanha: "Nossa solução não é uma arma numa mão e uma arma na outra. É uma carteira de trabalho numa mão e um livro na outra".
Segundo ele, não são apenas esses direitos que estão sendo ameaçados, mas também os civis. O petista citou casos recentes de violência. "É uma escalada que nós temos de interromper. Estamos falando de fundamentos de uma sociedade civilizada", afirmou. Após o encontro com os sindicalistas, Haddad revelou a jornalistas ter sido procurado hoje por tucanos, também preocupados com o momento político.
"O compromisso central é que só há desenvolvimento com valorização do trabalho", reforçou. Ela acrescentou que as mulheres são as principais prejudicadas com a lei de "reforma" trabalhista, citando o trabalho intermitente e a possibilidade de atividades em ambientes insalubres.
Progresso e democracia
O presidente interino da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que os dirigentes da central estão do "lado do progresso, da democracia, do desenvolvimento, do futuro do país". O presidente licenciado da central, deputado reeleito Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também líder do SD, apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno. "Estamos de corpo e alma na campanha Haddad/Manuela", disse Miguel. A candidata a vice na chapa, Manuela D´Ávila (PCdoB), também participou da reunião.
Os presidentes da UGT e da CSB não puderam comparecer, mas endossaram o documento. Estiveram ainda no encontro a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e os presidentes dos sindicatos dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, e dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão.
Miguel afirmou ainda que o movimento sindical já tem sofrido ataques "de uma política reacionária do atual governo", acrescentando que isso tende a piorar com uma vitória de Bolsonaro, citando ideias como a da criação de uma carteira profissional verde e amarela para trabalhadores com menos direitos e extinção do 13º salário. E lembrou que mesmo antes da definição das candidaturas, as centrais, independentemente de nomes, já haviam aprovado uma "agenda prioritária" dos trabalhadores, com 22 itens. "Construímos a unidade em torno de objetivos estratégicos."
Agora, segundo ele, é preciso que o próximo governo apresente um programa nacional de desenvolvimento, que contemple emprego, tecnologia e aumento da massa salarial. "Temos a obrigação de abrir o olho do trabalhador." O documento menciona que muitos trabalhadores, "desempregados e desalentados", podem estar sendo iludidos por um "canto da sereia", por meio de divulgação "notícias falsas e disseminação do ódio".
O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, lembrou que no primeiro turno a central se engajou na campanha de Guilherme Boulos (Psol). Agora, as entidades estão unidas "contra o retrocesso, contra o ódio, a violência e o fim dos nossos direitos, pelo futuro do povo brasileiro, da nossa frágil democracia", comparou. "A disputa aqui é entre a civilização e a barbárie."
Presidente da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho, acredita em "dias muitos nebulosos" em caso de vitória de Bolsonaro, com um ministério "só de generais". "Ele já disse que não vai aceitar nenhum tipo de ativismo", afirmou o dirigente, prevendo intensificação de medidas de repressão contra os movimentos sociais. "A criminalização da política é para tirar a gente do jogo", emendou o presidente da CTB, Adilson Araújo.
Em nome das mulheres, a deputada estadual eleita Maria Izabel de Azevedo Noronha, a Bebel, presidenta licenciada da Apeoesp (sindicato dos professores da rede pública paulista), disse que a "onda conservadora jogou pesado contra qualquer avanço que pudéssemos ter", o que prejudica, principalmente, as trabalhadoras. Segundo ela, o projeto da chapa liderada por Haddad "é o único que vai resgatar os direitos que havíamos conquistado". Bebel também defendeu a revogação da EC 95 e da "reforma" do ensino médio.
Candidato do PT ao governo de São Paulo, o ex-prefeito e ex-ministro Luiz Marinho ressaltou as diferenças de propostas. "Não representamos apenas um projeto, mas enfrentamento ao atraso", afirmou. "Nós sabemos o significado do desmonte de direitos", acrescentando que a candidatura adversária faz sinaliza com um "projeto ditatorial".
Confira o documento das centrais entregue a Haddad:
MOVIMENTO SINDICAL EM DEFESA DOS DIREITOS TRABALHISTAS E DA DEMOCRACIA
POR QUE A CLASSE TRABALHADORA DEVE ELEGER HADDAD
Em 28 de outubro teremos uma eleição decisiva para o futuro da classe trabalhadora brasileira. De um lado, Fernando Haddad, um candidato comprometido com a democracia, os direitos sociais e a soberania nacional. Do outro, um candidato que encarna o autoritarismo, a desnacionalização da economia e a extinção dos direitos sociais e trabalhistas, com consequências diretas na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras, como desemprego, a precarização do trabalho, redução dos direitos e da qualidade de vida.
Jair Bolsonaro defende os interesses de grandes corporações nacionais e estrangeiras, seu projeto privilegia o mercado financeiro sobre qualquer outro setor da sociedade. Sua intenção de supressão dos direitos dos trabalhadores é tão flagrante que o candidato afirmou que, se eleito, vai criar uma "nova" carteira de trabalho em contraposição à atual. Com esta fantasiosa carteira, o empregado não terá nenhum dos direitos previstos na CLT como férias, 13º salário e licença maternidade.
O programa de governo de Haddad está em sintonia com os interesses da Nação e do nosso povo. Propõe a revogação da reforma trabalhista e da Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos públicos por 20 anos. Propõe a retomada do desenvolvimento e crescimento econômico, com distribuição de renda, inclusão e justiça social e redução do desemprego. Defende o fortalecimento e a valorização da agricultura familiar e do salário mínimo, o combate da precarização do mercado de trabalho, a democratização dos meios de comunicação e uma política externa soberana.
Haddad está comprometido com a valorização das estatais, das empresas e bancos públicos, redução dos juros, isenção do imposto de renda para trabalhadores e trabalhadoras que ganham até cinco salários mínimos e de impostos para os mais pobres, manutenção da Previdência Social como política pública e a valorização das aposentadorias. O fim das privatizações e a valorização de todo setor energético, com a consequente redução das tarifas de combustíveis, luz e gás, também são compromissos já firmados.
Há uma massa de trabalhadores, desempregados e desalentados, sendo iludida pelo canto de sereia, desorientada pela profusão de notícias falsas e disseminação do ódio. Por isso, conclamamos uma reflexão pela democracia e por um futuro melhor para todos e todas.
Fernando Haddad personifica a democracia e a possibilidade de lutarmos por mudanças que o povo reclama e anseia: educação e saúde públicas de qualidade para toda a população, moradia, segurança, democracia, soberania e bem-estar social. Haddad colocará o povo brasileiro em primeiro lugar.
Por todas essas razões, as centrais sindicais brasileiras estão unidas neste segundo turno com Fernando Haddad. E, com a certeza de que Haddad é o melhor candidato, conclama a classe trabalhadora e o povo brasileiro a participar da campanha e votar para eleger Haddad o próximo presidente do Brasil.
Somente juntos conseguiremos defender a democracia, a soberania nacional e a valorização do trabalho e da classe trabalhadora.
São Paulo, 10 de outubro de 2018.
Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores - CUT
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores - UGT
Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB
José Avelino Pereira (Chinelo), presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros - CSB
José Calixto Ramos, presidente Nova Central Sindical dos Trabalhadores - NCST
Edson Índio, secretário-geral da Intersindical


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