"O projeto de Jair
Bolsonaro é antinacional, antipopular e antidemocrático. Finge que não tem
desigualdade no Brasil. Não tem diálogo, é na base da porrada. É o Temer
elevado ao quadrado"; diz o economista Guilherme Mello; "Os
únicos que têm a temer numa vitória de Haddad são aqueles que não produzem, não
trabalham e só enriquecem. Esses têm a temer porque o programa que o Haddad
representa ataca os interesses deles, propõe distribuição de renda",
observa
Eleonora de Lucena e Rodolfo
Lucena, no Tutaméia - "O projeto de Jair Bolsonaro é antinacional,
antipopular e antidemocrático. Finge que não tem desigualdade no Brasil. Não
tem diálogo, é na base da porrada. É o Temer elevado ao quadrado". A
definição é do economista Guilherme Mello em entrevista ao Tutaméia.
Integrante da equipe de formulação do programa de governo
de Lula/Haddad, Mello trata na conversa de detalhes do plano do PT. Diz:
"Os únicos que têm a temer numa vitória de Haddad são aqueles que não produzem, não trabalham e só enriquecem. Esses têm a temer porque o programa que o Haddad representa ataca os interesses deles, propõe distribuição de renda. Mas mesmo esses caras, se pensarem com a cabeça fria, vão ver que é muito melhor viver num país que tem emprego, que está crescendo. Que podem ganhar mais dinheiro do que vivendo num pais como hoje, que é o caos social. Isso não é bom para ninguém".
"Os únicos que têm a temer numa vitória de Haddad são aqueles que não produzem, não trabalham e só enriquecem. Esses têm a temer porque o programa que o Haddad representa ataca os interesses deles, propõe distribuição de renda. Mas mesmo esses caras, se pensarem com a cabeça fria, vão ver que é muito melhor viver num país que tem emprego, que está crescendo. Que podem ganhar mais dinheiro do que vivendo num pais como hoje, que é o caos social. Isso não é bom para ninguém".
Para ele, a situação não é fácil porque
"existe muito rancor criado nesses anos". E emenda: "O líder tem
que ter essa capacidade de superar o rancor, de conversar com quem é contra
ele. Só vejo isso no Haddad. O pessoal do mercado que está apostando... Tem
gente que está apostando no caos. Sempre tem gente que está apostando no caos.
O caos dá dinheiro para algumas pessoas".
Doutor em economia pela Unicamp, ele discorre
sobre as conquistas dos governos petistas: crescimento, emprego, redução de
desigualdades, políticas de interesse nacional na economia e nas relações
externas. "Muito disso desmoronou", afirma. O golpe, ressalta, tirou
de cena "o projeto no qual o povo brasileiro é visto como solução".
VENDA DO FUTURO
Na sua visão, foi implantado um projeto
"antipopular, antidemocrático e antinacional. É uma descrença total no
nosso país e no nosso povo para nos desenvolvermos".
Mello, 35, condena a política entreguista do
governo golpista. Fala do desmonte da Petrobrás, da venda da Embraer, do
esvaziamento do BNDES. A lógica, segundo ele, é "vender o quanto antes
para conseguir dinheiro para pagar as contas. Está se vendendo o futuro, a
perspectiva que tínhamos para fortalecer a indústria, a tecnologia, a educação,
a saúde. Se a gente não tem projeto de país, os outros têm, a China, os EUA
têm".
Para ele, para reverter o legado destrutivo
do golpe "será fundamental o apoio da sociedade. Haddad tem um recado
claro: esse projeto do golpe eu não quero. Também não quero o projeto do
fascismo, quero um projeto democrático popular".
MEDIDAS EMERGENCIAIS E DE LONGO
PRAZO
Ao TUTAMÉIA, o economista discorre sobre as
medidas emergenciais do plano Lula/Haddad: retomar obras paradas, o Minha Casa
Minha Vida, o Bolsa Família, fortalecer o salário mínimo. Será preciso, diz,
"dar um gatilho na economia, com a retomada na renda, no consumo, com
renegociação das dívidas das famílias".
Mello advoga a revogação de medidas
golpistas, como as regras para o Pré-Sal. "É preciso rever e rearticular
marco para o Pré-Sal, o nosso passaporte do futuro", afirma, falando
também sobre a reforma trabalhista e a emenda 95, a "PEC da morte",
que fixou teto para os gastos públicos. "Não é possível o Estado
brasileiro conviver com essa regra. Ela impede que o Estado brasileiro forneça
serviços públicos minimamente de qualidade. É uma emenda à Constituição que
destrói a Constituição".
Num terceiro plano, há propostas de médio e
logo prazo, como as reformas bancária e tributária. "Está mais claro do
que nunca que a nossa estrutura tributária é inaceitável. A sociedade sabe que
está sendo penalizada".
CARTEL DE BANCOS
Nesta entrevista, Mello fala sobre câmbio,
juros e política industrial. Sobre bancos, afirma:
"O sistema financeiro deve ajudar a ter
acesso a crédito. Quando ele atua ao contrário, ele não está cumprindo sua
função social. No Brasil, o sistema bancário não cumpre sua função social deste
ponto de vista. Em grande medida porque é um mercado altamente concentrado:
cinco grandes bancos detêm mais de 80% dos ativos do mercado. É basicamente um
cartel, se comportam da mesma maneira".
Para ele, "São poucos bancos que não
concorrem entre si. O setor é muito concentrado e tem pouca competição. Esse
cenário de alta concentração e pouca competição faz com que os bancos não
ofertem o crédito no volume e no preço que poderiam ofertar caso competissem.
Eles se protegem, mantêm rentabilidade –sempre muito alta–, mas não cumprem sua
função". E aponta:
"Vamos colocar esse pessoal para
competir. Vamos criar um sistema de premiação e punição. Quem quiser competir
vai ser premiado. Vai pagar menos imposto. Quem oferecer crédito mais abundante
a taxas mais baixas vai ter uma carga tributária mais baixa. É a ideia de
progressividade aplicada ao mercado financeiro. Ele vai ser forçado a
concorrer. Isso vai ajudar a desconcentrar o sistema no longo prazo".
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