Um dia depois de dois jornais da família Marinho terem feito
defesa aberta da entrega do pré-sal às petroleiras internacionais, elas
compraram nada menos que 16 páginas de anúncios em ambos os veículos;
o encarte foi pago pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (IBP), organização das petroleiras internacionais no
Brasil cuja principal função é defender o interesse das gigantes multinacionais
do petróleo, numa operação que movimenta milhões de reais
247 - Um dia
depois de dois jornais da família Marinho terem feito defesa aberta da entrega
do pré-sal às petroleiras internacionais, elas compraram nada menos que 16
páginas de anúncios em ambos os veículos. Na quinta, O Globo publicou
editorial sob o título "Mudar regulação do pré-sal é repetir erro já
cometido". A regulação a que o editorial se refere é a mudança feita na
legislação como primeira medida do golpe de Estado contra Dilma. A manchete do
Valor Econômico, no mesmo dia, foi: "Leilão do pré-sal deve atrair
investidor, mas incerteza política pesa". Hoje, sexta (21), os dois
jornais publicaram um encarte pago pelas petroleiras internacionais com o
título: "Adiar exploração das riquezas do pré-sal comprometeria
desenvolvimento do país". Tanto os títulos como os textos do material
editorial como do encarte publicitário são coincidentes no tom, no espírito e
até no estilo redacional.
O
encarte foi pago pelo Instituto
Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis(IBP), organização das
petroleiras internacionais cuja principal função é defender o interesse das gigantes
multinacionais do petróleo, numa operação que movimenta milhões de reais em
lobby, eventos e iniciativas editoriais e publicitárias, entre outras.
Leia o
texto a seguir: "durante os dois anos de governo Michel Temer, uma série
de mudanças regulatórias - como a flexibilização da política de conteúdo local
e o fim da operação única da Petrobrás no pré-sal - ajudou a criar um clima de
negócios mais favorável para as petroleiras. Tanto que, desde 2017, elas já
desembolsaram R$ 21 bilhões nos leilões, para aquisição de ativos". Ele
foi publicado no editorial de O Globo, na reportagem do Valor ou no encarte
publicitário pago pelo IBP? O tom laudatório parece indicar que foi no encarte
pago. Mas, não. É um trecho da reportagem do Valor Econômico. Leia reportagem
do 247 sobre o editorial e a reportagem, postada ontem (20), aqui.
No
começo desta semana, a presidente da ExxonMobil no Brasil, Carla Lacerda,
já havia declarado ao jornal que as mudanças regulatórias promovidas por Temer
animaram multinacional a voltar aos leilões, em outra reportagem laudatória.
Quem vem a ser Carla Lacerda, além de presidente da ExxonMobil? Ninguém menos
que a presidente do Conselho de Administração do IBP.
A
composição do Conselho do IBP é um clube das petroleiras estrangeiras. O vice
de Carla Lacerda, presidente no Brasil da americana ExxonMobil é Leonardo
Junqueira, que preside a seção brasileira da Repsol Sinopec
(hispano-americana). Os outros conselheiros são Adriano Bastos, da BP
(inglesa), André Araújo, da Shell (anglo-holandesa), João Clark Filho, da
Ecopetrol (Colômbia), Maxime Rabilloud, da Total (francesa), Miguel Pereira e
da Petrogal (portuguesa). A Petrobras tem apenas uma pessoa no Conselho,
Solange Guedes, mas ela se sente "em casa", porque é uma executiva
totalmente alinhada com o pensamento entreguista do ex-presidente da companhia
Pedro Parente.
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