(Foto: Reprodução / Youtube / Escola da Cidade) |
Em nota enviada
pelo advogado Cid Campelo, o ex-governador Jaime Lerner afirmou nesta
quinta-feira (27) que lamenta ter sido citado na delação premiada do ex-diretor
do Depertamento de Estradas e Rodagem Nelson Leal Junior, delator da Operação
Integração, 48ª e 55ª fases da Lava Jato. Para o ex-governador, Leal Junior é
um “criminoso” e disse “por ouvir dizer” que havia irregularidades na licitação
da concessão das rodovias.
Um dos principais responsáveis pelas
informações que deram origem à segunda fase da Operação Integração, deflagrada nessa
quarta-feira, o delator disse que a licitação dos pedágios do Anel
da Integração do Paraná, em 1996, foi feita com divisão dos lotes de forma
consensual, sem concorrência, “havendo um arranjo entre as empresas que formaram
os seis lotes”. (Veja o despacho que autorizou a Operação
Integração II)
“O ex-governador Jaime Lerner lamenta que
depois de quase vinte longos anos de implantação do anel de integração (século
passado), de forma inovadora e com inúmeros benefícios para os usuários das
estradas, pessoas criminosas (se não fossem não delatavam seus crimes) venham
afirmar, por ouvir dizer, a existência de irregularidades na licitação da
concessão das rodovias”, disse Lerner em nota.
Lerner ressalta que até hoje não houve
questionamento judicial contra ele em relação aos pedágios. “Lamentável porque
durante todo esse tempo, repita-se longo tempo, não houve nenhum questionamento
judicial contra a pessoa do ex-governador sobre a questão, o que demonstra de
duas uma, ou não houve nenhuma irregularidade ou aqueles que tem a missão
constitucional de apurar os desvios administrativos dormiram no ponto e nada o
fizeram. A segunda alternativa se diz somente por hipótese, eis que o
ex-governador afirma, com a veemência que é necessária, não ter ocorrido
nenhuma irregularidade na concorrência, principalmente de sua parte, pois por
si ele pode se manifestar”, coclui Lerner.
Segundo o delator, o esquema de pagamento
mensal de propina começou em 1999, ainda no governo Lerner, com pagamentos a
agentes públicos do DER e da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados
de Infraestrutura do Paraná (Agepar) para obter vantagens como aditivos
contratuais. O valor da propina seria rateado entre as concessionárias e
atualizado conforme os reajustes tarifários, chegando a R$ 240 mil mensais em
2010. O pagamento mensal médio seria de R$ 120 mil.
Leal Júnior, do DER, afirmou que o esquema
passou por três governos – Jaime Lerner (1995-2003), Roberto Requião
(2003-2010) e Beto Richa (2011-2018) –, seguindo até janeiro deste ano. “O
ex-governador [Beto Richa] seria um dos beneficiários finais do esquema por
meio de Luiz Abi. Em relação a outros governos, deve ser aprofundada a
investigação para saber a extensão da consciência dos outros ex-governadores,
mas até onde a gente sabe, esses esquemas se estendem da área técnica à esfera
política”, disse o procurador Diogo Castor de Mattos.
Na delação homologada em junho, Leal
Junior afirmou que o então chefe da Casa Civil do governo Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) (1995-2003) Euclides Escalco foi o responsável pela articulação
junto ao governo federal para delegação das rodovias e que Heinz Herwig
articulou o esquema dos pedágios no Estado do Paraná, quando era secretário de
Transportes. O delator também afirmou que o diretor-geral do DER na época era
Luiz Kuster, que hoje trabalha na Triunfo. Ele teria sido indicação de Mario
Celso Petraglia, responsável financeiro da primeira campanha de Jaime Lerner ao
governo do estado. Leal Junior disse que “ouviu de Gilberto Loyola, atual
superintendente do DER, que na época das concessões o DER recebeu um edital
pronto e a indicação das empresas beneficiárias na licitação enviado do Rio de
Janeiro por um engenheiro relacionado a Petraglia, Escalco e Herwig”.
O delator também afirmou que Jaime Lerner
baixou a tarifa do pedágio em 50% para fins eleitorais e que “este ato
unilateral foi favorável às concessionárias porque inicialmente elas ficaram
desobrigadas de obras de ampliação, sendo que logo após a eleição a tarifa foi
restabelecida, mas as concessionárias continuaram desobrigadas de fazer investimentos”.
A Operação Integração II tem como
principal alvo fatos ocorridos no governo Beto Richa (PSDB), mas
o Ministério Público Federal (MPF) ainda investiga casos anteriores
citados em pelo menos três delações (Nelson Leal Junior, do DER; Hélio Ogama,
da Econorte; e Hugo Nuno, contador da Econorte) que embasam as ações
penais. "Em relação a outros governos, deve ser aprofundada a investigação
para saber a extensão da consciência dos outros ex-governadores, mas até onde a
gente sabe, esses esquemas se estendem da área técnica à esfera política”,
disse nessa quinta-feira (27) o procurador Diogo Castor de Mattos.
Fonte:
Bem Paraná
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