O cientista político Fernando Bizzarro, da Harvard
University, diz nunca ter acreditado "que a bipolaridade estava acabada
porque existe um arranjo institucional que protege os principais partidos de
uma tal forma que, quando chega na campanha, eles podem nadar de braçada"
247 - O cientista político Fernando Bizzarro, da
Harvard University e pesquisador associado do Centro David Rockfeller de
Estudos Latino-americanos, da mesma universidade, aposta em uma nova disputa
entre PT e PSDB na eleição presidencial de outubro.
"Nunca acreditei que a bipolaridade estava
acabada porque existe um arranjo institucional que protege os principais
partidos de uma tal forma que, quando chega na campanha, eles podem nadar de
braçada. Isso tem a ver com a forma que os recursos e o tempo de TV são
distribuídos, a popularidade acumulada...", afirmou o estudioso ao El País.
"As pessoas não precisam de muita informação
sobre o PT e o PSDB, elas sabem o que representam. Está ficando cada vez mais
claro que vamos ter uma reedição da disputa entre eles. Pode parecer uma
surpresa dado o tamanho da confusão nos últimos quatro anos, mas não é tanto se
você pensa que as regras que favorecem os principais partidos e campanhas não
só se mantiveram como aumentaram. A partir da proibição da doação de empresas,
todos os recursos passaram a ser públicos e vinculados ao tamanho dos
partidos", acrescentou.
Questionado sobre qual partido tem mais chances, o
analista diz que "não dá para cravar nenhum dos dois". "Se o
Lula fosse candidato, eu provavelmente diria que ele seria essa pessoa, por
causa do recall e da forca política de sua imagem. Mas não sendo, o segundo
turno vai ser muito aberto", disse.
O pesquisador ressaltou que, por outro lado, o
presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, "vai ter mais recursos no primeiro
turno, mas esses recursos vêm do Centrão e ele vai ter que lidar com a acusação
de que se aliou com todos esses partidos". "A vantagem de Lula ser
essa figura política tão grande é acompanhada da desvantagem de que ele é
também polarizante. Um segundo turno com Haddad vai gerar essa sensação de que
mais uma vez é o Lula na disputa. Se fosse o Ciro, a parte da população que não
gosta do PT estaria mais disposta a considerar a votar nele".
O estudioso afirma que o candidato do PDT
"teria mais chance de ganhar o segundo turno que Lula, mas o PT não lançar
um candidato a presidente seria um completo suicídio político".
"Algumas pesquisas mostram que o eleitor, por várias razões, votam na
legenda ao escolher o deputado por causa de seu voto para presidente. Para o PT
e PSDB isso significa mais de um milhão de votos. Isso é importante para o PT,
que perdeu prefeitos nos últimos anos e que está sob esse estresse tremendo por
causa dos escândalos de corrupção e da análise que se tem do Governo Dilma. Se
abrisse mão de uma candidatura, provavelmente não se recuperaria".
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