Após afirmar que há “agentes públicos” e também “políticos”
envolvidos na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), o ministro de
Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que o crime pode ter sido
motivado por disputas políticas e negociações para indicações a cargos públicos
Por Carolina
Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
Após afirmar que há “agentes públicos” e também “políticos” envolvidos na morte
da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), o ministro de Segurança Pública, Raul
Jungmann, disse hoje (10) que o crime pode ter sido
motivado por disputas políticas e negociações para indicações a cargos
públicos. Ele não citou nomes nem entrou em detalhes.
“Quando
você tem o envolvimento daqueles que detêm o poder, [eles] de fato têm uma
capacidade de, digamos assim, uma resiliência e uma capacidade de mobilizar
defesas ou mobilizar meios de resistir. Mas, não tenho a menor sombra de
dúvida de que não há nada que impeça a intervenção e a equipe que lá está de
denunciá-los, a todos", observou o ministro, depois de entrevista à
imprensa nesta sexta-feira sobre 12º Anuário de Segurança Pública,
divulgado ontem (9) em São Paulo.
Nas
últimas horas, vieram à tona informações que três políticos presos no Rio,
denunciados pela CPI das Milícias, também são investigados como suspeitos de
participação na morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes,
em 14 de março deste ano.
A
polícia investiga se os eventuais mandantes do assassinato queriam enviar um
recado na tentativa de conter o ativismo de Marielle Franco. Jungmann evitou
mencionar detalhes sobre as apurações.
“Não
vou comentar nomes para não atrapalhar o andamento das investigações. Mas temos
envolvimento de agentes públicos e também de políticos”, disse o ministro,
reiterando a complexidade das apurações.
“[É um
crime] extremamente complexo que tem reflexos tanto dentro dos órgãos públicos,
dos agentes públicos, mas também em termos políticos. Isso faz com que a
elucidação do crime na sua totalidade, não apenas executores, mas também
mandantes, tenha seu elevado grau de complexidade.”
Crime
O
ministro reiterou que a morte de Marielle e Anderson foi um “crime bárbaro” e
que precisa ser elucidado. Amanhã (11), completa 150 dias dos assassinatos.
Ambos foram mortos com tiros disparados contra o carro em que estavam, no
bairro de Estácio, no centro do Rio, quando retornavam de um evento
político-cultural.
O
assassinato de Marielle Franco é tratado por ativistas como execução e teve
repercussão internacional. A mãe da vereadora, Marinete Silva, esteve com o
papa Francisco no último dia 2. Ela entregou ao pontífice uma camiseta da filha
morta e ganhou um terço bento.
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