Toneladas de alimentos foram doados por pequenos
agricultores e cooperativas para alimentar marchantes
As refeições
preparadas por uma equipe de cerca de 60 trabalhadores / José Eduardo Bernardes
O chiado dos
fogões acesos e o barulho das panelas são constantes debaixo da tenda montada
para abrigar uma cozinha, em Brasília, durante a Marcha Nacional Lula Livre.
As
refeições preparadas por uma equipe de cerca de 60 trabalhadoras e
trabalhadores rurais alimentam as mais de 5 mil pessoas que marcham pela
liberdade do ex-presidente Lula e pela candidatura dele à Presidência da
República.
“Uns
fazem o café, outros entram para o almoço e aí dá tempo dos companheiros
descansarem um pouco para fazer a janta. É uma luta e quando os caminhões
chegam que a gente viu que não conseguiu terminar é uma loucura, porque a gente
começa a tacar mais fogo nas panelas. Mas a gente sabe que no final tudo dá
certo e os companheiros vão ser bem atendidos lá.”
Maristela Cunha, é
assentada no Estado da Bahia e integra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra há 7 anos. Na Marcha Lula Livre ela assumiu a tarefa de ser uma das
coordenadoras da equipe de trabalho da cozinha. Em meio as panelas, ela afirma
que cozinhar para os marchantes também é um ato político.
“A
gente contribui aqui porque a gente sabe que os nossos companheiros estão
lutando lá e eles precisam que a gente também lute aqui. É gratificante fazer
parte desse momento, é uma luta pela nossa ideologia e pelo futuro do nosso
país, o futuro dos nossos filhos também.”
A
tarefa da cozinha não é uma atividade só das mulheres no MST. Preparar as
refeições dos marchantes é uma das coisas que o assentado Roberto Carlos da
Silva mais gosta de fazer.
“Para
mim o trabalho que eu gosto de fazer é cozinhar para a turma. A gente, junto
com as mulheres está fazendo de tudo para sair o melhor, tudo correto.”
As receitas que
garantem refeições saborosas são compartilhadas entre a equipe. Na Marcha
Nacional Lula Livre, a assentada Maria Cecília, de Iaras, interior de São
Paulo, conta que aprendeu uma nova maneira de fazer grandes quantidades de
arroz.
“Uma
maneira que frita bem o tempero, depois frita bem o arroz até ficar soltinho
estralando. Põe sal e vai colocando a água fervendo aos poucos. Está dando tudo
certo. Fica soltinho e saboroso. Então, a cada marcha, cada encontro a gente
vai aprendendo outras coisas, novas receitas, outros tipos.”
Por dia
são produzidas 15 mil refeições. A preparação do café começa a meia-noite para
garantir que chegue nos três acampamentos que compõe a marcha já nas primeiras
horas da manhã.
As
toneladas de alimentos como arroz, feijão, óleo, frutas e legumes usados
durante os cinco dias foram doados por famílias de pequenos agricultores e
cooperativas de alimentos orgânicos do MST. Milton Fornazieri, o Rascunho, da
coordenação do movimento, destaca a solidariedade entre os assentados.
“É
bonito enxergar dentro dos caminhões que chegaram aquelas caixinhas de uma
família que mandou para os marchantes. Então tem desde grandes quantidades que
vieram de uma cooperativa até pequenas quantidades que vieram de famílias, mas
que tiveram esse envolvimento”
Lucimárcia
de Jesus Souza, é coordenadora do pré-assentamento Euníce Adriana, na Bahia.
Enquanto mexe o panelão de arroz para não queimar, ela relembra os motivos de
ter viajado mais de mil quilômetros para integrar a equipe.
“A
gente faz tudo com amor, porque está aqui porque quer. É luta! Estamos aqui
para o nosso presidente Lula ser livre!"
A
Marcha Nacional Lula Livre teve início no dia 10 de agosto e vai até o dia 15
de agosto, quando os marchantes se encontram em Brasília para acompanhar o
registro de candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República.
Fonte:
Brasil de Fato
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