sexta-feira, 6 de julho de 2018

Vigília Lula Livre completa três meses de resistência por justiça e democracia


O ex-presidente Lula completa nesta sexta-feira (6) 90 dias de cárcere, uma prisão política, segundo juristas e personalidades do Brasil e do mundo, personalidades públicas, movimentos sociais e grande parte da sociedade civil que quer votar em Lula em outubro; esta sexta-feira marca também os três meses de acampamento levantado no bairro Santa Cândida, na capital paranaense, em solidariedade ao ex-presidente
Gabriel Valery, Rede Brasil AtualO ex-presidente e pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva completa nesta sexta-feira (6) 90 dias de cárcere. Uma prisão política, segundo juristas e personalidades do Brasil e do mundo, personalidades públicas, movimentos sociais e grande parte da sociedade civil que quer votar em Lula em outubro, como apontas as pesquisas.
A fragilidade no processo que o condenou em segunda instância na Justiça, no âmbito da Operação Lava Jato, é descrita no meio jurídico e pelo próprio ex-presidente como uma farsa, resultado do uso da violência judiciária com fins políticos, o chamado lawfare. O objetivo é impedi-lo de disputar a eleição.
"Chegou a hora de todos os democratas comprometidos com a defesa do Estado democrático de direito repudiarem as manobras de que estou sendo vítima", disse Lula em manifesto ao povo brasileiro, escrito do cárcere e lido esta semana pela presidenta do PT, senadora Gleise Hoffmann. No texto, pela primeira vez Lula pôs em dúvida a capacidade da Corte superior de fazer justiça. Um gesto que deve inflamar a militância em sua defesa nas próximas semanas.
Três meses de presença
Parte da sociedade civil, como movimentos organizados ou apenas cidadãos indignados com a perseguição que põe em risco a democracia e o futuro do Brasil, vem exercendo essa militância obstinada desde aquele 7 de abril. Foi o dia em que o ex-presidente decidiu deixar a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, depois de três dias de vigília, para ser recebido por outra vigília, a Lula Livre, nos arredores da sede da Polícia Federal em Curitiba.
Esta sexta-feira marca também os três meses de acampamento levantado no bairro Santa Cândida, na capital paranaense. A solidariedade ao ex-presidente resiste bravamente.
"O número de caravanas que visita a Vigília segue intenso, com média de 300 pessoas mantendo-se diariamente, mesmo após três meses, o que indica a popularidade do presidente e a disposição de as pessoas resistirem por Lula Livre!", diz em nota a coordenação do acampamento. "Lula Inocente! Lula presidente! Diversos grupos de diferentes matrizes religiosas nos procuram, num exercício único de pluralidade e respeito", define o coletivo.
São 90 dias de embates com autoridades locais pelo direito de se manifestar pacífica e civilizadamente. De lutas e também de momentos de cultura, arte, debates e trocas que já entraram para a história. De partilha do fogão e do pão. De solidariedade de vizinhos que abriram o coração e a casa para os frequentadores da vigília e do acampamento, os fixos e os itinerantes.
Integrante de movimento de moradia, Edna Dantas está neste espaço de disputa, em Curitiba, desde o início. Na verdade, desde antes da prisão de Lula, como conta à RBA. "Desde o impeachment da Dilma (em 2016), até um pouco antes, eu e alguns companheiros não paramos um dia em defesa da democracia. Desde lá, denunciamos o golpe e os retrocessos que assolam o Brasil."
A atuação de Edna ganhou intensidade com a passagem de Lula por seu estado com sua caravana, que percorreu boa parte do Brasil entre o ano passado e o início deste. "Quando a caravana chegou ao Paraná, já percebemos a violência muito mais forte no Sul. Se você lembrar a caravana do Nordeste, por exemplo, foi um show. Agora, aqui no Sul, teve hostilidade perseguição de grupos fascistas que disseminam ódio e preconceito", disse.
"Diante disso, nos organizamos em Curitiba para garantir a vinda de Lula para cá nesse processo da caravana. Passando isso, começou a pressão de certos setores pela prisão do Lula. Minha vontade era de ir para São Bernardo do Campo acompanhar a resistência, na proposta de não deixá-lo sair de lá. Essa era a minha vontade", lembra Edna.
O mandado de prisão foi expedido pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro na tarde do dia 5 de abril. Durante três dias, Lula resistiu ao lado de milhares de apoiadores, que o carregaram nos braços, quando decidiu cumprir a ordem judicial – depois momentos intensos de reuniões com líderes de diversos partidos e movimentos, e de reflexões com familiares. O ato foi registrado em uma das mais icônicas imagens de todo esse processo.

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