A candidatura de Bolsonaro passa por sua maior
crise esta semana; quando parecia consolidado no segundo lugar na preferência
eleitoral oscilando entre 15% e 18% nas pesquisas, o candidato do PSL viu o PR
e o PRP desistirem de marchar com ele na campanha; com o fracasso, Bolsonaro
está neste momento reduzido a insignificantes 8 segundos a cada bloco do
horário eleitoral gratuito a partir de 31 de agosto
247 - A candidatura de Jair Bolsonaro, que parecia
consolidada com o segundo lugar na preferência eleitoral oscilando entre 15% e
18% nas pesquisas, entrou numa área de risco, com o fracasso do candidato em
construir alianças partidárias que lhe garantissem um espaço minimamente
razoável no horário eleitoral gratuito, especialmente na TV. Nesta semana, o
candidato de extrema-direita viu o PR da "raposa" Valdemar Costa Neto
e o PRP do general Augusto Heleno baterem-lhe a porta e, com isso,
amarga isolamento quase completo com seu minúsculo PSL, que tem uma bancada de
apenas oito deputados federais.
Para que se tenha uma ideia, os 8 segundos de
Bolsonaro a cada bloco no horário eleitoral TV serão quase a metade dos 15
segundo que Enéas Carneiro teve numa antológica campanha em 1989. Naquela
eleição, a primeira depois do fim do regime militar, sequer sonhava-se com as
redes sociais -é com isso que conta Bolsonaro, que aposta na Internet para
manter-se competitivo. É uma aposta semelhante à primeira candidatura
presidencial de Marina Silva, em 2010, mas ela tinha 41 segundos em cada bloco
de propaganda gratuita, cinco vezes mais que Bolsonaro. Sem o PR, Bolsonaro
deixou de ganhar aproximadamente 22 segundos em cada bloco no horário eleitoral
gratuito.
Só dois candidatos têm menos tempo que Bolsonaro,
dadas as alianças do momento: João Amôedo (Novo), e Vera Lúcia (PSTU), com 7
segundos cada um. Todos os demais têm mais tempo, de Álvaro Dias e Marina (12
segundos cada) a Manuela e Boulos (13 segundos), Paulo Rabello de Castro (24
segundos), Ciro (33 segundos), Henrique Meirelles (1min26seg), Lula (1min35seg)
e Alckmin (2min59seg). No caso do tucano, o tempo de TV depende de confirmação
de aliança com PTB, PSD, PV e PPS. Os tempos ainda são todos aproximados
porque a divisão depende da concretização das alianças e do número total de
candidatos.
Há ainda no "mercado" de tempo eleitoral
os preciosos segundos ainda sem compromisso de várias legendas. Veja o tempo
aproximado de cada uma em cada bloco na TV: PP (25'), PSB (22'), PR
(22'), PRB (14'), DEM (14'), SD (10) e PROS (6).
Vários analistas de pesquisas preveem grandes
dificuldades para Bolsonaro e o risco de seu esvaziamento a partir de 31 de
agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito. O estatístico Paulo
Guimarães, com 29 anos de atuação em campanhas eleitorais, aposta que Bolsonaro
irá desidratar mais adiante. Alberto Carlos de Almeida, sócio da agência
Brasilis, não fala em queda de Bolsonaro, mas prevê uma campanha negativa
violenta de Alckmin contra ele, para conquistar os eleitores do candidato do
PSL -sem que Bolsonaro tenha como defender-se na TV.
O cientista política Carlos Pereira, da
FGV/Ebape vê grande dificuldade à frente para o candidato de extrema-direita:
"Acho que a candidatura do Bolsonaro é de alto risco para os partidos se
engajarem. É uma candidatura sem estrutura, sem recursos, baseada na persona
dele e nos mecanismos alternativos de conexão direta com os eleitores, via
redes sociais. É um candidato com altíssima rejeição e o preferido para
qualquer outro candidato ter como adversário no segundo turno. Os partidos que
fazem esse cálculo não tem muito interesse em estarem próximos ao Bolsonaro,
porque podem estar assinando a sentença de morte".
Para manter-se na disputa como candidato capaz de
ir ao segundo turno, Bolsonaro terá enormes desafios à frente.
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