Ação ocorreu na madrugada deste sábado; a área
pertence a Rafael Saldanha de Camargo, fazendeiro influente na região
A área, ocupada na madrugada desta
sexta (27), pertence a Rafael Saldanha de Camargo, fazendeiro influente
na região./MST
O Acampamento Hugo
Chávez, onde 450 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) ocupam a Fazenda Santa Tereza, no município de Marabá, no sudeste
do Pará, foi atacado por pistoleiros na madrugada deste sábado (28).
Segundo
relatos das famílias que estão no local, por volta da uma da manhã os
pistoleiros chegaram atirando e tocando fogo nos pertences e carros que
estavam no acampamento. Algumas pessoas também foram agredidas fisicamente, mas
até o momento não há informação de nenhum ferido em estado grave. Ao todo,
segundo informações do MST, os jagunços queimaram 9 carros e 10 motos.
De
acordo com Maria Raimunda, da direção estadual do MST e que está à caminho
da área, o movimento procurou a Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) de
Marabá para denunciar e intervir no conflito. "Eles disseram que havia
ordem de comando superior de que não poderiam agir, mesmo que houvesse uma
carnificina", conta Raimunda. Há suspeitas de que policiais também tenham
participado da ação.
O Brasil de Fato entrou
em contato com a Polícia Civil do Pará, mas até o momento não obteve nenhuma
resposta.
Acirramento
Para
Maria Raimunda, a ação dos fazendeiros na região tem se intensificado no último
período, principalmente após o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, em
2016. "Faz 15 dias que o [Jair] Bolsonaro (pré-candidato à
presidência da República pelo PSC) esteve na curva do 'S'. Durante o
palanque ele incentivou que os fazendeiros matassem os sem-terra", relata
Raimunda.
A curva
do 'S' é o local onde ocorreu o Massacre de Eldorado dos Carajás, na BR-155,
quando 21 pessoas ligadas ao MST foi brutalmente assassinada pela Polícia
Federal, em 1996.
"O
que já era de certa maneira permitido, mas de modo camuflado, agora está sendo
publicamente legitimado inclusive por pré-candidatos à presidência. Bolsonaro
deu a ordem de matar publicamente. Estamos vendo um acirramento da luta e
principalmente da violência na região", comenta a sem-terra.
Contexto
A
Fazenda Santa Tereza foi reocupada na madrugada desta sexta-feira (27)
por 450 famílias ligadas ao MST. De acordo com o movimento, a fazenda
foi grilada (registrada de forma fraudulenta) pelo latifundiário Rafael
Saldanha de Camargo, fazendeiro influente na região e um dos suspeitos, segundo
o Ministério Público, pelo assassinato dos líderes sem-terra Doutor e Fusquinha,
há mais de 20 anos.
A
fazenda Santa Tereza foi ocupado em junho de 2014. Ainda segundo o MST, a
fazenda é, na verdade, uma área pública e Rafael também é acusado de cometer
crimes ambientais. Apesar disso, as famílias dos sem terra foram despejadas em
dezembro de 2017 pela vara agrária de Marabá.
Fonte:
Brasil de Fato
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