Para o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, conhecido
mundialmente por pedir a extradição do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, as
instituições judiciais da América Latina estão sendo usadas "como armas
para tomar parte em relação a determinados grupos ou indivíduos", diz em
referência à perseguição contra os ex-presidentes Rafael Correa, do Equador,
Cristina Kirchner, da Argentina, e Lula, no Brasil; "O caso de Lula é
paradigmático. O de Cristina e Correa, iguais", ressaltou
Sputnik - Na terça-feira (3), a Justiça do Equador autorizou a prisão
preventiva do ex-presidente Rafael Correa. O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón
compartilhou com a Sputnik sua opinião sobre o atual estado da Justiça na
América Latina e seu papel na perseguição política.
Acusado pela
tentativa de sequestro do ex-deputado opositor Fernando Balda em 2012, Correa
está repetindo o destino de Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner.
Para
Baltasar Garzón, ex-juiz mundialmente conhecido por pedir a extradição do
ex-ditador chileno Augusto Pinochet, os casos mencionados até podem ser
considerados "uma traição à democracia e à sociedade".
"Não
se deve utilizar as instituições — e muito menos a Justiça — como armas para
tomar parte em relação a determinados grupos ou indivíduos", afirmou o
juiz iminente à Sputnik Mundo.
Garzón
acha muito triste o fato de haver "esta submissão à oportunidade política
de mudar", especialmente por meio de "investigações conjunturais, sem
elementos".
O
ex-juiz espanhol acredita que as pessoas devem ter a confiança que quaisquer
que seja sua visão política, sejam tratadas pela Justiça de modo igualitário,
mas por enquanto isso acontece ao contrário.
"Pensávamos
que na América Latina isso já havia sido superado, mas se torna preocupante
novamente. O caso de Lula é paradigmático. O de Cristina e Correa,
iguais", ressaltou.
O
interlocutor da Sputnik acha que os processos que estão acontecendo na Justiça
da América Latina são pouco confiáveis e estão, sem dúvida, contaminados e
"há certas estruturas transnacionais que veem em risco seu poder perante
ao fato de poderem voltar a governar pessoas que apoiam os mais
vulneráveis", opinou.
Segundo
Garzón, agora na América do Sul tentam responsabilizar as pessoas sem manchas
na reputação por todos os males.
"Não
acuso ninguém em particular, mas o que eu digo é que temos que fazer uma
profunda reflexão para poder recuperar o lugar que corresponde ao Poder
Judiciário".
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