Reuters/Dado Ruvic/Ilustração |
SÃO PAULO (Reuters) - O Facebook retirou do ar nesta quarta-feira uma rede de páginas e contas usadas para divulgação de notícias falsas por membros do grupo ativista de extrema-direita Movimento Brasil Livre (MBL), disseram fontes à Reuters, como parte dos esforços para reprimir perfis enganosos antes das eleições de outubro.
O Facebook disse
em um comunicado que desativou 196 páginas e 87 contas no Brasil por sua
participação em “uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas
no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o
propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”.
O comunicado não
identifica as páginas ou usuários envolvidos.
As fontes, que
falaram sob condição de anonimato, disseram que a rede era administrada por
membros importantes do MBL. O grupo ganhou destaque ao liderar protestos em
2016 pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff com um estilo
agressivo de política online que ajudou a polarizar o debate no Brasil.
Representantes do
MBL não responderam de imediato a diversos pedidos por comentários.
As páginas
desativadas, que juntas tinham mais de meio milhão de seguidores, variavam de
notícias sensacionalistas a temas políticos, com uma abordagem claramente conservadora,
com nomes como Jornalivre e O Diário Nacional, de acordo com as fontes.
Ao deturpar o
controle compartilhado das páginas, os membros do MBL eram capazes de divulgar
suas mensagens coordenadas como se as notícias viessem de diferentes veículos de
comunicação independentes, de acordo com as fontes.
O Facebook tem
enfrentado pressão para combater as contas falsas e outros tipos de perfis
enganosos em sua rede.
No ano passado, a
empresa reconheceu que sua plataforma havia sido usada para o que chamou de
“operações de informação” que usaram perfis falsos e outros métodos para
influenciar a opinião pública durante a eleição norte-americana de 2016, e
prometeu combater as fake news.
Agências de
inteligência dos Estados Unidos afirmam que o governo russo realizou uma
campanha online para influenciar as eleições no país, e casos de grupos
políticos que usam a rede social para enganar as pessoas têm surgido pelo mundo
desde então.
Não há indicação
de envolvimento estrangeiro na rede do MBL tirada do ar nesta quarta-feira, de
acordo com as fontes.
O Facebook disse
que retirou a rede do ar no Brasil após uma “rigorosa investigação” porque os
perfis envolvidos eram falsos ou enganadores, violando sua política de
autenticidade.
A rede social tem
um conjunto separado de ferramentas para combater a disseminação de notícias
falsas com a ajuda de empresas externas de checagem de fatos.
Reportagem adicional de Lais Martins
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