Como resposta ao elitismo e conservadorismo do poder
judiciário brasileiro, 37 assentados concluíram a graduação em direito; isso
graças ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera); depois
dos julgamentos partidarizados que se seguiram à Operação Lava Jato, marcados
pela perseguição a lideranças importantes da esquerda, os camponeses reforçaram
a ideia de ocupar os espaços do judiciário como forma de distribuir melhor a
leitura da justiça com relação aos diretos sociais
247 - O poder judiciário brasileiro, historicamente elitista, é
caracterizado pela falta de representação popular e pela frequente
criminalização dos movimentos populares. Os julgamentos partidarizados que se
seguiram à Operação Lava Jato, marcados pela perseguição a lideranças
importantes da esquerda, mancharam ainda mais a reputação do Judiciário junto à
população brasileira. É neste contexto
que 37 assentados concluíram a graduação em direito, graças ao Programa
Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
O
sonho desses camponeses é de atuar como advogados populares e também de seguir
a magistratura. A colação de grau da turma - terceira a se formar no curso pelo
programa - ocorreu neste sábado (21), na Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS), na Bahia.
"Um
dos formandos é Aldenir Gomes da Silva, de 29 anos, que cresceu no Assentamento
Palmares II, no município de Nina Rodrigues, no norte no Maranhão. Agora,
graduado em direito, ele avalia o desafio atuar neste contexto. 'A nossa turma se forma em um cenário muito emblemático,
muito difícil e de muitas contradições, de criminalização dos movimentos
sociais. Para gente, é um desafio muito grande. A gente vê a forma como está
sendo tratada nossa Constituição, o direito trabalhista… A gente estuda diante
de uma contradição muito grande no campo jurídico', afirma.
Aldenir relata que, quando criança, o
direito nunca esteve nos seus planos por causa da elitização do curso.'Tive um certo anseio [de fazer o curso], mas o direito
chegou de uma maneira inusitada até porque eu considerava uma questão distante.
Estudar direito para filho de assentados, no campo, é uma dificuldade muito
grande', conta o estudante. 'É um sonho, mas é um sonho coletivo. É um sonho
pessoal, da família, mas, sobretudo, coletivo da classe trabalhadora'."
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