terça-feira, 5 de junho de 2018

Único país que não me ouve como testemunha é o Brasil, diz ex-advogado da Odebrecht

Rodrigo Tacla Duran prestou depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Câmara
Duran, em vídeo conferência, afirma que a Lava Jato utilizou documentos adulterados


O ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran foi escutado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados na manhã desta terça-feira (5). Por meio de vídeo-conferência, afirmou que os responsáveis pela Lava Jato em Curitiba cometem uma ilegalidade ao se recusarem a ouvi-lo como testemunha em processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente preso. 
“Eu nunca fui condenado. Eu tenho colaborado com autoridades judiciais de diversos países. Sempre como testemunha, nunca como delator. O único país onde estou proibido de ser testemunha e de colaborar com a Justiça é o Brasil. Amordaçar testemunhas é um sinal claro de que não se está fazendo justiça”, afirmou. 
Tacla Duran afirma ter servido como testemunha em sete países que investigaram a atuação da Odebrecht: Equador, Andorra, Suíça, Antigua e Barbudo, México, Peru e Argentina. Em dezembro do ano passado, foi ouvido por autoridades brasileiras, mas sem a presença de integrantes da força-tarefa de Curitiba. 
Na sessão da Comissão de Direitos Humanos, Tacla Duran reiterou críticas à Lava Jato feitas em outras ocasiões. No centro de suas críticas, está a afirmação de que documentos da Odebrecht utilizados pela Lava Jato teriam sido adulterados. 
O deputado Wadih Damous (PT-RJ), um dos responsáveis por tentar dar evidência às afirmações de Tacla Duran no Brasil, disse que as denúncias do ex-advogado da Odebrecht foram encaminhadas a Raquel Dogde, atual procuradora-geral da República. Ela, entretanto, se posicionou por não investigar as informações.
“Nesse despacho, ela arquiva uma representação que foi assinada por mim e pelos deputados Paulo Pimenta, Carlos Zaratinni e Paulo Teixeira. Nós questionamos a veracidade de extratos utilizados em denúncia contra o ex-presidente Lula”, afirmou Damous.
Tacla Duran lembrou ainda que os documentos, além de adulterados, não eram extratos bancários, mas sim planilhas internas, que não servem como comprovação definitiva de pagamentos.
Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou durante a sessão que o grupo de deputados que levou as denúncias à Procuradoria-Geral da República estuda medidas jurídicas para que as informações sejam investigadas mesmo após a negativa de Dodge.
Brasil de Fato


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