O Ministério
Público da Bahia decidiu investigar a responsabilidade do Shopping da Bahia “em
possível prática de racismo institucional”, informa o Estadão nesta quinta
(14). Segundo o portal, o Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos
Humanos e Combate à Discriminação (GEDHDIS) determinou um prazo de dez dias
para que o estabelecimento preste esclarecimentos.
O inquérito foi instaurado a partir de um
vídeo divulgado no Facebook por um jovem chamado Kaique, que expôs a
resistência da equipe de segurança do Shopping em deixar que um menino negro
almoçar na praça de alimentação. O jovem queria pagar a refeição da criança,
mas um segurança, também negro, tentava impedir enquanto repetia: “Esse é o meu
trabalho”. Em nota, o Shooping jogou a responsabilidade sobre o episódio no
funcionário e informou que ele foi afastado da função para reciclagem.
Segundo o Estadão, “depois de instruído
(por meio da coleta de informações e depoimentos), o procedimento poderá
resultar em uma recomendação, Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ou até uma
ação civil pública contra o shopping, inclusive por eventuais danos morais
individuais ou coletivos decorrentes da atuação do segurança”, afirmou a
promotora Lívia Vaz. Ela ainda explicou que a investigação na esfera civil não
afasta a responsabilização criminal.
Veja, abaixo, o comunicado do Shopping da
Bahia negando racismo institucional.
O Shopping da
Bahia vem a público, mais uma vez, pedir desculpas pelo ocorrido. Após uma
reunião nesta terça-feira, o empreendimento decidiu pelo afastamento do
profissional de atividades relacionadas a atendimento ao público. Mesmo não
tendo nenhuma orientação do shopping que suporte as ações tomadas pelo
profissional, optamos por trabalhar a sua reabilitação. Além disso, ele foi
advertido e segue para uma nova rodada de cursos e capacitações.
Reforçamos também
que, neste momento, é necessário esclarecer diversos pontos que vem sendo
abordados em torno do fato.
1 – Nossos
seguranças recebem treinamentos periódicos, não apenas com conteúdo técnico,
mas também conteúdo sobre o contexto social que vivemos. Em 2017, toda a equipe
do empreendimento recebeu treinamento de autoridades nacionais em temas como
racismo, diversidade e enfrentamento de temas de alta relevância para nossa
operação. Entre os especialistas que estiveram com a nossa equipe, estão
lideranças como o professor Hélio Santos, presidente do Instituto Brasileiro da
Diversidade, e a vice-presidente do Fórum Nacional de Gestores LGBT, Bruna
Lorrane.
2 – Não há e nem
nunca houve nenhuma orientação para uma abordagem que fosse além de coibir
ações de comércio informal e de pessoas (crianças e adultos) que tentam abordar
clientes com pedidos de dinheiro, alimentos ou produtos. A decisão do cliente é
soberana e tem que ser respeitada, sem nenhuma ação violenta ou que gere
constrangimento. Atuamos em parceria diária com órgãos como Conselho Tutelar,
Juizado de Menores, Instituto IRIS, Polícias Civil e Militar, e a orientação é
sempre pelo cumprimento da lei e respeito aos direitos humanos;
3 – O shopping
repudia qualquer acusação de racismo institucional, e temos orgulho da nossa
relação com o povo de Salvador, suas matrizes culturais, étnicas e sociais.
Encerramos,
pedindo mais uma vez, desculpas e lamentando o ocorrido. As desculpas são
direcionadas a todos os que se sentirem tristes e ofendidos com o fato, mas
especialmente aos envolvidos e suas famílias.
Fonte:
DCM
Nenhum comentário:
Postar um comentário