O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros foi ministro das
Comunicações no governo FHC e é um dos principais quadros intelectuais do PSDB;
ele abriu sua "metralhadora giratória": Alckmin está fora do páreo;
segundo turno será entre esquerda e Bolsonaro; gestão de Parente na Petrobras
foi "irresponsável"; BC errou ao reduzir juros devagar demais; bancos
ganham demais
247 - O economista
Luiz Carlos Mendonça de Barros é um dos principais quadros intelectuais do
PSDB. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações no governo FHC, foi
banqueiro e é colunista de meios de comunicação vinculados ao
"mercado". Em entrevista ao Valor Econômico ele se confessa descrente
com a viabilidade eleitoral de Geraldo Alckmin e prevê o segundo turno da disputa
presidencial entre um candidato de esquerda e Bolsonaro. Para Mendonça de
Barros, Alckmin tem "muito poucas chances. Ele tem uma boa equipe,
mas não consegue falar com a população."
Ele
critica fortemente a gestão da economia pelo governo Temer, especialmente pela
equipe do Banco Central e considera que a política de Pedro Parente à frente da
Petrobras foi "irresponsável". Ele chegou a sonhar com um crescimento
da economia entre 3% a 3,5% em 2018; agora, acreditar que ficará entre 1,5% e
2%. Para ele, o governo Temer está no chão e acabou "pela segunda
vez": "O governo Temer terminou uma segunda vez. Ele havia
terminado na denúncia da JBS [em maio de 2017] e terminou agora, porque foi um
bate-cabeça terrível. É evidente que você vai normalizar toda a questão, mas o
governo se enfraqueceu demais e, ao enfraquecer o governo Temer, enfraqueceu
todo o discurso da centro-direita". Na contramão da defesa do financismo
que tem marcado o PSDB, Mendonça de Barros criticou acidamente os bancos
privados e a concentração bancária no páís. Diante da afirmação do repórter
Sergio Lamucci de que os juros estariam "baixos", ele
redarguiu: "Estão baixos para quem?". E completou: "Os
spreads estão muito altos e não tem volume de crédito, não expande. Isso
mostrou outro erro estrutural que nós fizemos, que foi essa concentração
bancária".
Para
Mendonça de Barros, o Banco Central (BC) "não entendeu a natureza da
recessão" enfrentada pelo Brasil - "uma bolha de consumo, esticada ao
máximo, que estourou" -, optando por uma estratégia de redução muito lenta
dos juros. A contração do crédito pelos bancos públicos, num momento em que os
bancos privados não expandiam o volume de empréstimos, também afetou a retomada
cíclica da economia, segundo Mendonça de Barros.
Ao
comentar a greve dos caminhoneiros, ele diz que o impacto mais grave foi
aumentar a desconfiança, "num momento em que o governo representa um tipo
de gestão econômica que é correta e fundamental para nós". Para ele, a
crise enfraqueceu muito a administração do presidente Michel Temer. "E, ao
enfraquecer o governo Temer, enfraqueceu todo o discurso da
centro-direita", afirma Mendonça de Barros.
Na
visão do economista, um candidato de esquerda tem 60% de chances de vencer as
eleições. A tendência, segundo ele, é o candidato de esquerda disputar o
segundo turno com o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que Mendonça de Barros
classifica "como um demagogo, um populista". A combinação entre o
pensamento de Bolsonaro e de seu guru econômico, o liberal Paulo Guedes, não
dará certo, acredita o economista. "Ele vai mandar o Paulo Guedes embora
logo depois", diz Mendonça de Barros, hoje presidente do conselho da Foton
Brasil, que fabrica caminhões.
A
seguir, leia aqui os trechos mais importantes entrevista.
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