segunda-feira, 4 de junho de 2018

Intelectual tucano: eleição está entre a esquerda e Bolsonaro


O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros foi ministro das Comunicações no governo FHC e é um dos principais quadros intelectuais do PSDB; ele abriu sua "metralhadora giratória": Alckmin está fora do páreo; segundo turno será entre esquerda e Bolsonaro; gestão de Parente na Petrobras foi "irresponsável"; BC errou ao reduzir juros devagar demais; bancos ganham demais
247 - O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros é um dos principais quadros intelectuais do PSDB. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações no governo FHC, foi banqueiro e é colunista de meios de comunicação vinculados ao "mercado". Em entrevista ao Valor Econômico ele se confessa descrente com a viabilidade eleitoral de Geraldo Alckmin e prevê o segundo turno da disputa presidencial entre um candidato de esquerda e Bolsonaro. Para Mendonça de Barros,  Alckmin tem "muito poucas chances. Ele tem uma boa equipe, mas não consegue falar com a população."
Ele critica fortemente a gestão da economia pelo governo Temer, especialmente pela equipe do Banco Central e considera que a política de Pedro Parente à frente da Petrobras foi "irresponsável". Ele chegou a sonhar com um crescimento da economia entre 3% a 3,5% em 2018; agora, acreditar que ficará entre 1,5% e 2%. Para ele, o governo Temer está no chão e acabou "pela segunda vez": "O governo Temer terminou uma segunda vez. Ele havia terminado na denúncia da JBS [em maio de 2017] e terminou agora, porque foi um bate-cabeça terrível. É evidente que você vai normalizar toda a questão, mas o governo se enfraqueceu demais e, ao enfraquecer o governo Temer, enfraqueceu todo o discurso da centro-direita". Na contramão da defesa do financismo que tem marcado o PSDB, Mendonça de Barros criticou acidamente os bancos privados e a concentração bancária no páís. Diante da afirmação do repórter Sergio Lamucci de que os juros estariam "baixos", ele redarguiu: "Estão baixos para quem?". E completou: "Os spreads estão muito altos e não tem volume de crédito, não expande. Isso mostrou outro erro estrutural que nós fizemos, que foi essa concentração bancária". 
Para Mendonça de Barros, o Banco Central (BC) "não entendeu a natureza da recessão" enfrentada pelo Brasil - "uma bolha de consumo, esticada ao máximo, que estourou" -, optando por uma estratégia de redução muito lenta dos juros. A contração do crédito pelos bancos públicos, num momento em que os bancos privados não expandiam o volume de empréstimos, também afetou a retomada cíclica da economia, segundo Mendonça de Barros.
Ao comentar a greve dos caminhoneiros, ele diz que o impacto mais grave foi aumentar a desconfiança, "num momento em que o governo representa um tipo de gestão econômica que é correta e fundamental para nós". Para ele, a crise enfraqueceu muito a administração do presidente Michel Temer. "E, ao enfraquecer o governo Temer, enfraqueceu todo o discurso da centro-direita", afirma Mendonça de Barros.
Na visão do economista, um candidato de esquerda tem 60% de chances de vencer as eleições. A tendência, segundo ele, é o candidato de esquerda disputar o segundo turno com o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que Mendonça de Barros classifica "como um demagogo, um populista". A combinação entre o pensamento de Bolsonaro e de seu guru econômico, o liberal Paulo Guedes, não dará certo, acredita o economista. "Ele vai mandar o Paulo Guedes embora logo depois", diz Mendonça de Barros, hoje presidente do conselho da Foton Brasil, que fabrica caminhões.
A seguir, leia aqui os trechos mais importantes entrevista.

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