Depois que a pesquisa Datafolha colocou Lula nas alturas mais
uma vez, a imprensa e seus porta-vozes decidiram aceitar, ainda que de maneira
relutante e indignada, o fato de que Lula não teve a imagem arranhada pela
prisão política; pelo contrário: depois de preso, Lula cresceu e trouxe o
eleitor para a decisão central na cena política arrasada do país: 'sem ele, a
eleição será uma fraude'
247 - Depois que a pesquisa
Datafolha colocou Lula nas alturas mais uma vez, a imprensa e seus porta-vozes
decidiram aceitar, ainda que de maneira relutante e indignada, o fato de que
Lula não teve a imagem arranhada pela prisão política. Pelo contrário: depois
de preso, Lula cresceu e trouxe o eleitor para a decisão central na cena
política arrasada do país: 'sem ele, a eleição será uma fraude'.
Para
dar conta do cenário pró Lula e da frustração dos prognósticos anteriores, de
que depois de preso Lula iria 'derreter', comentaristas usam palavras de
emergência: "anormal'é uma delas. Para eles, a 'eleição está anormal', não
a situação do país ou a própria situação de Lula. O mote da análise eleitoral
midiática é tentar lidar com o fenômeno Lula como se ele fosse exótico e
inexplicável. Ao menos, eles abandonaram o 'apagamento' da candidatura Lula,
que se impôs ao cenário de maneira incontornável.
"A
eleição continua anormal. E faz muita diferença que o quadro tenha continuado
assim depois de dois meses. Já deu tempo para desistir de Lula depois de vê-lo
sendo preso, e pouca gente desistiu. Os eleitores de direita já sabem que têm
uma opção mais moderada em que votar, mas os bolsonaristas não estão migrando
para Alckmin. Isto é, as pessoas que
estão se desviando do normal das eleições brasileiras parecem ter convicções
bem mais fortes do que achávamos. Nada disso vai mudar por inércia.
(...)
Não
se sabe se esses gestos serão possíveis, se terão tempo de tornarem-se
eficazes, ou se neutralizarão um ao outro. O PT vai conseguir resistir à
ofensiva de Ciro sobre o patrimônio eleitoral lulista? Se conseguir, será capaz
de lançar candidato próprio viável ou a centro-esquerda vai cair dividida?
Alckmin conseguirá derrubar Bolsonaro mesmo carregando os pesos mortos de Aécio
e da participação no governo Temer? O Datafolha sugere que, no momento, é mais
fácil fazer política de dentro da cadeia do que de perto do Planalto."
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