Especialistas combatem ideias propagadas pela imprensa de que alteração
na política de preços da estatal fragilizaria sua gestão e que endividamento
justificaria entrega de ativos
Redução nas tarifas dos combustíveis serviria para que a Petrobras recuperasse mercado perdido para as estrangeiras |
São Paulo – Para
debater os efeitos do alinhamento da Petrobras aos interesses do
mercado, que resultaram na greve dos caminhoneiros que parou o país nas últimas
semanas, a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet)
e o Clube de Engenharia do Rio de Janeiro
promovem nesta terça-feira (5) o seminário "O mito da Petrobrás quebrada,
política de preços e suas consequências para o Brasil".
O economista Ernani Torres, professor do
Instituto de Economia da UFRJ, aborda a mudança da política de
preços dos combustíveis em uma perspectiva histórica. A atual política, adotada
a partir de outubro de 2016 pelo então presidente Pedro Parente, resultou
não apenas na elevação do preço dos combustíveis, mas também na redução da produção das refinarias e
no aumento da importação de derivados (gasolina e diesel), ao mesmo tempo em que
a exportação de petróleo cru disparou.
Já o economista aposentado da
Petrobras Cláudio Oliveira desfaz o mito de que os atuais níveis de
endividamento da estatal teriam fugido do controle, comprometendo a saúde
financeira da empresa. Segundo ele, a dívida é compatível com os níveis de
investimentos exigidos para a exploração das reservas do
pré-sal, mas vem sendo usada como argumento para justificar uma política de
desinvestimentos, que dilapida o seu patrimônio por meio da venda de ativos
para a iniciativa privada.
O presidente da Aepet, Felipe Coutinho,
rebate o argumento de que uma mudança na atual política de livre flutuação do
preço dos combustíveis comprometeria a capacidade empresarial da Petrobras. Em nota, a Aepet já havia
afirmado que eventual redução nas tarifas dos combustíveis serviria para que a
estatal recuperasse mercado perdido para as estrangeiras, e também poderia
colaborar para a expansão do consumo, "porque a demanda se aquece com
preços mais baixos".
O especialista em Minas e Energia e
Engenharia do petróleo Paulo César Ribeiro Lima vai defender um modelo de
produção e refino que esteja a serviço dos interesses nacionais, e não do
capital privado, como vem sendo nos últimos dois anos. Ao final, os
especialistas responderão a perguntas levantadas pelo público.
O seminário "O mito da Petrobrás
quebrada, política de preços e suas consequências para o Brasil" tem
entrada gratuita e será realizado a partir das 17h no Clube de Engenharia, que
fica na Avenida Rio Branco 124, 20º andar, centro da capital fluminense.
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